Neuroticismo e risco para doença de Parkinson: Uma meta-análise
Terracciano,
A., Aschwanden, D., Stephan, Y., Cerasa, A., Passamonti, L., Toschi, N., &
Sutin, A. R. (2021). Neuroticism and risk of Parkinson’s disease: A meta-analysis.
Movement Disorders, 36(8),1863-1870. https://doi.org/
10.1002/mds.28575
Resenha por Brenda Fernanda Silva-Ferraz
Neuroticismo é um traço de personalidade que mensura as
diferenças individuais no que diz respeito a experienciar emoções negativas,
vulnerabilidade ao estresse, inabilidade para resistir a impulsos e
autoconsciência negativa. Trata-se de um dos cinco grandes traços da teoria de
personalidade Big Five. Evidencia-se que indivíduos com escore elevado
nesse traço estão em maior risco para piores desfechos em saúde ao longo da
vida, especialmente no domínio da saúde mental e doenças neurodegenerativas, a
exemplo do Alzheimer e outras condições de demência. A doença de Parkinson
também é um quadro neurodegenerativo, e alguns estudos apontam que pacientes
com Parkinson costumam apresentar níveis mais altos de neuroticismo. Portanto,
o objetivo do presente estudo foi testar a hipótese de que o neuroticismo está
associado ao risco de desenvolver a doença de Parkinson.
O estudo foi realizado a partir de um banco de dados que
contava com mais de 500.00 participantes do Reino Unido, com informações
coletadas de 2006 a 2010. Estes tinham idades de 40 a 69 anos durante o
recrutamento. O instrumento utilizado para mensurar o neuroticismo foi o Eysenck
Personality Questionnaire-Revised (EPQ-R). Realizou-se meta-análise de
estudos observacionais seguindo o guia MOOSE.
Participantes já diagnosticados com Parkinson no momento
inicial do estudo pontuaram mais alto em neuroticismo do que aqueles sem a
condição. Pacientes que não tinham Parkinson na linha de base, mas que foram
diagnosticados durante o seguimento do estudo, tiveram maior escore em
neuroticismo em comparação aos dois grupos anteriores. Em modelo testado
considerando idade e sexo, alto neuroticismo foi considerado fator de risco
para o desenvolvimento da doença de Parkinson. Em segundo modelo, incluindo
variáveis como comportamento de fumar, atividade física, ansiedade e depressão
como covariáveis, o neuroticismo continuou significativamente associado ao risco
de desenvolver Parkinson. Não houve diferença quanto ao gênero.
Concluiu-se,
portanto, sobre o quanto um índice elevado de neuroticismo pode funcionar como
fator de risco para a doença de Parkinson. Este estudo demonstra a importância,
para a Psicologia da Saúde, de que aspectos psicológicos que vulnerabilizam os
indivíduos ao adoecimento sejam identificados, a fim de que sejam construídas
intervenções mais eficazes.
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