Fatores de personalidade e sintomatologia depressiva de pacientes com fibromialgia

 

Resenhado por Brenda Fernanda Silva-Ferraz

 

Martel, K. J. O., Zanin, S. C. G., Ferreira, V. R. T., Pisoni, K. Z. B., & Tabaczinski, C. (2022). Fatores de personalidade e sintomatologia depressiva de pacientes com fibromialgia. Aletheia, 55, 45-60. https://doi.org/10.29327/226091

 

A fibromialgia (FM) é uma doença que possui origem pouco esclarecida, e envolve dor musculoesquelética crônica, dor generalizada, problemas relacionados ao sono, dentre outros, sendo comumente confundida com outras patologias de ordem reumática. A dor presente na FM envolve uma experiência desconfortável, ocasionado incapacidade funcional e limitando o indivíduo nas tarefas diárias e laborais. A dor crônica aumenta o risco de comorbidades psiquiátricas, a exemplo do transtorno depressivo maior, frequente em pacientes com FM. Alguns estudos têm tentado identificar a relação entre os traços da personalidade, especialmente aspectos relacionados ao Neuroticismo, com sintomas clínicos da FM e sintomas depressivos. Deste modo, o presente estudo objetivou investigar a sintomatologia depressiva em pacientes com FM, bem como associar tais sintomas aos traços de personalidade.

Participaram do estudo 20 indivíduos de 32 a 62 anos (M = 48,15; DP = 8,22), com diagnóstico de FM, em tratamento em um hospital do Rio Grande do sul. Utilizaram-se como instrumentos o Inventário de Depressão Beck (BDI-II) e a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP). Os resultados indicaram sintomatologia moderada de ansiedade nos participantes, bem como classificação alta no fator Neuroticismo e nas facetas Vulnerabilidade e Depressão na escala de personalidade.

Os achados sugerem que que pacientes com fibromialgia se mostram em sofrimento psicológico, com possível dificuldades na tomada de iniciativa, na abertura a novas experiências e na automotivação. Pessoas com FM relatam com maior intensidade os eventos negativos, estando predispostos a apresentarem sintomas de depressão e ansiedade, além disso, são emocionalmente mais vulneráveis. Conclui-se, portanto, sobre a importância de que características individuais que possam funcionar como fator de risco para o adoecimento psicológico, a exemplo dos traços de personalidade, sejam investigadas e identificadas. Deste modo, é possível que intervenções mais eficazes sejam pensadas, proporcionando maior qualidade de vida aos pacientes que convivem com alguma condição crônica e limitante.

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