Preditores biopsicossociais de dor, incapacidade e depressão em pacientes brasileiros com dor crônica

 

Sardá Júnior, J. J., Nicholas, M. K., Pimenta, C. A. D. M., & Asghari, A. Preditores biopsicossociais de dor, incapacidade e depressão em pacientes brasileiros com dor crônica. Revista Dor, 13, 111-118. https://doi.org/10.1590/S1806-00132012000200003. 

 

Resenhado por Luíza Ramos

 

            Dor crônica é classificada como dor que persiste por um período superior a três meses, o que pode estar associado à incapacidade física, distúrbios emocionais e dificuldades sociais. Conforme o modelo biopsicossocial da dor, aspectos biológicos podem iniciar, manter ou modular alterações físicas, enquanto fatores psicológicos influenciam a avaliação e percepção de sinais fisiológicos e fatores sociais modelam as respostas comportamentais do paciente à percepção de suas alterações físicas. Assim, este artigo buscou examinar os fatores que contribuem para a incapacidade, intensidade da dor e depressão em amostra brasileira de pacientes com dores crônicas.

            O estudo foi realizado com uma amostra por conveniência, composta por 311 pessoas atendidas em diversos centros de dor localizados no Sul e Sudeste do Brasil. Foram utilizados um questionário sociodemográfico e um inventário clínico, além do Questionário Roland-Morris de Incapacidade (RMDQ), o      Questionário de Autoeficácia do Paciente com Dor (PSEQ), o Questionário de Autoafirmativas sobre Dor, o Questionário de Aceitação da Dor Crônica (CPAQ) e a Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse. Os dados foram organizados em planilhas e analisados utilizando o programa estatístico SPSS.

            Os resultados indicam que, embora as variáveis sociodemográficas (ex: grau de escolaridade) e clínicas (ex: local da dor) contribuam para a incapacidade física, a variável crenças de autoeficácia teve maior contribuição para incapacidade e intensidade da dor. Tal resultado reforça a importância desse construto como preditor de comportamento, ou seja, pode-se esperar que pacientes com dor crônica que apresentam baixa autoeficácia tenham mais chances de utilizarem estratégias de enfrentamento menos efetivas, o que poderia mediar incapacidade física. Em relação às variáveis relacionadas à depressão, apenas pensamentos catastróficos tiveram associação significativa, mostrando que esse tipo de pensamento contribui para as dimensões afetivas e avaliativas da dor. Dessa forma, entende-se que pensamentos catastróficos podem contribuir de forma importante para a depressão, especialmente quando esta depressão está relacionada à dor crônica.

            Em suma, este estudo contribui para a Psicologia da Saúde ao mostrar evidências da relação de variáveis psicológicas com desfechos em saúde. Sendo assim, o desenvolvimento de estratégias que considerem fatores cognitivos pode ser mais efetivo para o bem-estar do indivíduo que possui dor crônica.

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