O papel da autoeficácia no prognóstico da dor musculoesquelética crônica: Uma revisão sistemática.
Resenhado
por Susana Santana
Martinez-Calderon, J.,
Zamora-Campos, C., Navarro-Ledesma, S. & Luque-Suarez, A. (2018). The role
of self-efficacy on the prognosis of chronic musculoskeletal pain: A systematic
review. The Journal of Pain, 19(1),
10-34, https://doi.org/10.1016/j.jpain.2017.08.008.
A dor crônica é
considerada um problema de saúde global. Estima-se que 1 em cada 5 pessoas
sofra de dor a cada ano e que 1 a cada 10 adultos desenvolva cronicidade. Uma
das formas mais comuns de dor crônica é a dor musculoesquelética crônica. Essa
é uma condição altamente prevalente, incapacitante e dispendiosa e custosa
financeiramente para indivíduos, empregadores, sistemas de saúde e sociedade.
Pessoas com dores musculoesqueléticas frequentemente têm prejuízo em seu
ambiente social e familiar. Por isso, a dor também é percebida como uma
experiência biopsicossocial.
A autoeficácia é considerada como um fator psicológico
protetivo na saúde individual. Ela corresponde às crenças dos indivíduos sobre
a sua capacidade de se envolverem em ações que fornecerão o objetivo desejado.
Pessoas com altos níveis de autoeficácia costumam perceber tarefas difíceis
como desafios a serem conquistados, o que contribui para o foco, a motivação e
um maior sentido de controle sobre situações ameaçadoras. Além disso, evidências indicam que a
autoeficácia pode desempenhar um papel essencial como fator protetor, bem como
mediador, na relação entre dor e funcionalidade, em pessoas que sofrem de dor
musculoesquelética crônica.
Buscando investigar a possível influência da
autoeficácia no enfrentamento a esse tipo de dor crônica, o estudo em questão
procurou responder à seguinte pergunta: “Como a autoeficácia influencia o
prognóstico de pessoas que sofrem de dor musculoesquelética, em comparação com
pessoas livres dessa dor?”. Para isso, realizou-se uma revisão sistemática para
sintetizar os achados sobre o tema. Ao final, os pesquisadores selecionaram 27
estudos longitudinais para serem analisados. Os resultados encontrados apontam
que níveis mais altos de autoeficácia estão associados a maior funcionamento
físico, participação na atividade física, estado de saúde, estado de trabalho,
satisfação com o desempenho, crenças de eficácia e a menor intensidade de dor,
incapacidade, sintomas depressivos, presença de pontos sensíveis e fadiga.
Os autores sugerem que
os clínicos sejam encorajados a identificar pessoas com dor musculoesquelética
crônica que apresentem baixos níveis de autoeficácia. Esse dado pode ser levado
em consideração em possíveis intervenções com esse público. Como a Psicologia
da Saúde busca investigar os fatores que auxiliam nos processos de adaptação e
de enfrentamento a estressores, estudos com esse contribuem para ampliar o
conhecimento sobre as características psicológicas individuais que podem ser
foco de intervenção no tratamento de pessoas com condições crônicas de saúde.
Nenhum comentário: