Análise prototípica das representações sociais sobre as infecções sexualmente transmissíveis entre adolescentes

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Santos, J. V. D. O., Araújo, L. F. D., Castro, J. L. D. C., & Faro, A. (2019). Análise prototípica das representações sociais sobre as infecções sexualmente transmissíveis entre adolescentes. Psicogente22(41), 290-307. https://doi.org/10.17081/psico.22.41.3312

 

Resenhado por Maria Heloísa

A alta prevalência de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) ainda é um problema de saúde pública no Brasil, cuja maior ocorrência é entre pessoas de 15 a 24 anos. É na adolescência que grande parte dos indivíduos tem as primeiras experiências sexuais e, por isso, é necessário protagonizar o público nas discussões acerca de IST. As representações sociais são mecanismos usados para identificar conhecimentos sobre fenômenos e abrangem desde a percepção até a formação de atitudes. Assim, o objetivo do estudo foi identificar e analisar as representações sociais de adolescentes acerca das IST.

Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e transversal. Participaram 576 adolescentes que cursavam o ensino médio em escolas de Piauí e Sergipe. Foi aplicado um questionário sociodemográfico para obter informações pessoais e utilizada a Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP) para identificar as representações sociais. Para isso, a sigla “IST” foi usada como estímulo inicial para evocação de cinco palavras de cada participante. Foi utilizado o software IBM SPSS 23 para se obter a estatística descritiva dos dados sociodemográficos e o programa IRAMUTEQ para realização da análise prototípica a partir da frequência (f) e Ordem Média de Evocações (OME).

 Foram inseridas 554 linhas de comando e as palavras foram divididas em 4 quadrantes. Identificou-se que os elementos centrais, aqueles que foram os primeiros a serem evocados, são representações sociais que envolvem a doença, prevenção e tratamento e as principais palavras evocadas foram “doença” (f=112; OME=2,4), “cuidado” (f=101; OME=2,4) e “camisinha” (f=84; OME=2,4). Os termos também designavam fatores de risco e proteção que sugeriram que os adolescentes entendem acerca do agravamento da IST e como se proteger dela. As representações sociais da periferia são aquelas que dizem respeito a concepções mais atualizadas que se modificam conforme ocorrem mudanças sociais. Os itens que reforçam as crenças do núcleo central foram encontrados na primeira periferia e são palavras muito frequentes e de OME mediana. Os termos mais evocados foram “sexo” (f=184; OME=2,9), “tratamento” (f=74; OME= 3,1) e “morte” (f=52; OME=3,6). A partir dos elementos dessa periferia, identificou-se que há conhecimento sobre algumas IST e sobre o fato de que que a morte, o preconceito, a afecção biológica e emoções negativas são fatores associados. Os elementos contrastantes são aqueles que tiveram uma OME alta, mas pouca frequência de evocação, sendo trazidas palavras como “conhecimento” (f=10; OME=2,7), “prevenir” (f=6; OME=2,8) e “atenção” (f=5; OME=2,6). A partir desses e outros elementos, identificou-se que os adolescentes parecem possuir conhecimento sobre as formas de prevenção, sobre o papel da educação na adoção de comportamentos saudáveis e acerca do fato de que infectar-se com alguma IST é um problema de ordem psicossocial. Por fim, foram apresentados os elementos que possuem frequência e OME menor na segunda periferia. Evocou-se palavras que designaram o cuidado, como hospital (f=10; OME=3,6) e consequências negativas da infecção.

O presente estudo é relevante para a Psicologia da Saúde pois possibilitou uma análise sobre o conhecimento acerca de desfechos físicos, as IST. A partir de seus achados, entende-se que adoção de comportamentos de proteção à saúde sexual não depende apenas das informações que o indivíduo possui, sendo necessária uma ativação comportamental para que, por exemplo, o preservativo seja usado durante os contatos sexuais.

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