Otimismo Disposicional, Afetos e Personalidade em Pacientes com Doença Renal Crônica

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Oliveira, R. C. de ., Rossini, J. C., & Lopes, R. F. F.. (2020). Otimismo disposicional, afetos e personalidade em pacientes com doença renal crônica. Psicologia: Ciência e Profissão, 40 , e209637. https://doi.org/10.1590/1982-3703003209637      

 

Resenhado por Hugo Santana-Batista

A doença renal crônica, considerada problema de saúde pública mundial, é definida como uma “lesão renal e perda progressiva e irreversível da função dos rins”. O paciente no último estágio da doença, denominado Insuficiência Renal Crônica (IRC), tem como opções de tratamento a hemodiálise e o transplante renal. A espera por um órgão faz com que os pacientes estejam suscetíveis à uma pior qualidade de vida. É pertinente supor que outros fatores possam contribuir para melhora na qualidade de vida desse grupo, de modo que seria relevante que os pesquisadores em saúde se dedicassem a ampliar o conhecimento a respeito deles. Assim, conceitos como otimismo, afeto e personalidade são fundamentais para investigar aspectos positivos nesses pacientes.       

            O presente estudo buscou considerar a influência e aspectos positivos presentes no indivíduo e seu possível impacto no modo como ele se relaciona com as adversidades do tratamento, como a hemodiálise e a espera pelo procedimento cirúrgico. Verificou-se diferenças significativas de traços positivos entre pacientes que aguardavam por um transplante renal (grupo pré-transplante) e pacientes que foram submetidos ao procedimento cirúrgico (grupo pós-transplante).

O estudo contou com 30 voluntários. Na pesquisa, foram utilizados quatro instrumentos: um questionário sociodemográfico, a versão brasileira do Revised Life Orientation Test (LOT-R), o Inventário dos Cinco Grande Fatores (NEO-FFI-R) e a Escala de Afetos Positivos e Afetos Negativos (PANAS). Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva.

Considerando a amostra total, o otimismo está correlacionado positivamente e de maneira significativa (p < 0,05) com os afetos positivos (r = 0,37), extroversão (r = 0,39) e conscienciosidade (r = 0,36) e de maneira negativa ao fator neuroticismo (r = -0,41, p < 0,05). A análise da diferença entre os grupos pré e pós-transplante confirmou que os pacientes que aguardam em hemodiálise por um transplante renal tendem a ser mais otimistas, ou seja, possuem maiores expectativas de que coisas boas acontecerão. Os autores afirmam que o fato de os indivíduos transplantados já terem alcançado o objetivo-alvo (cirurgia de transplante), pode justificar os menores escores de otimismo disposicional.

            A importância da pesquisa se dá, principalmente, pela contribuição no campo de estudo das doenças crônicas,psicologia da saúde e psicologia positiva. Compreender o otimismo em pacientes de doenças crônicas, no geral, pode auxiliar em intervenções de profissionais aos pacientes crônicos, considerando suas expectativas e sentimentos diante de suas condições de saúde. O estudo apresentado pode ser utilizado tanto para a compreensão das expectativas do paciente pré-transplante, quanto para o acompanhamento de indivíduos pós-transplantes, servindo de apoio, por exemplo, para grupos terapêuticos de pacientes renais.

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