O Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento
Sutton, S. (2001).
Transtheoretical model of behaviour change. In Cambridge Handbook of
Psychology, Health and Medicine (pp. 228–232). Cambridge University Press.
Resenhado
por Matheus Macena
O
Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento (MTMC) evoluiu através de
estudos que examinaram as experiências de fumantes que pararam por conta
própria e aqueles que necessitaram de tratamento adicional pois não eram
capazes de parar por conta própria. Foi identificado que as pessoas param de
fumar quando elas se sentem prontas para fazê-lo. O MTMC foca na tomada de
decisão individual, priorizando o pressuposto de que as pessoas não mudam de
comportamento rapidamente e de forma decisiva. Assim, a mudança de comportamento,
especialmente comportamento habitual, ocorre continuamente através de um
processo cíclico. O MTMC não é uma teoria, mas um modelo; diferentes teorias e
construtos comportamentais podem ser aplicados a vários estágios do modelo onde
eles possam ser mais eficazes.
O
MTMC postula que os indivíduos passam por “seis estágios de mudança”, a saber: Pré-contemplação,
contemplação, preparação, ação, manutenção e término. Para cada estágio de
mudança, existem diferentes estratégias de intervenção para levar a pessoa entre
cada estágio de mudança e subsequentemente através do modelo até a manutenção.
Na etapa de pré-contemplação, as pessoas não têm a intenção de agir dentro dos
próximos 6 meses. As pessoas muitas vezes não têm consciência que seu comportamento
produz consequências negativas e subestimam os benefícios de mudar o
comportamento enquanto enfatizam os aspectos negativos da mudança de
comportamento. Na segunda fase, contemplação, as pessoas têm a intenção de
iniciar o comportamento saudável dentro dos próximos 6 meses. As pessoas
reconhecem que seu comportamento pode ser problemático e uma consideração mais
cuidadosa e prática dos prós e contras da mudança de comportamento ocorre, com
igual ênfase em ambos. Mesmo com esse reconhecimento, pode ocorrer a sensação
de ambivalência em relação à mudança de comportamento. O terceiro estágio, preparação,
inaugura as fases de “ação”. Neste estágio as pessoas estão prontas para agir
nos próximos 30 dias. As pessoas começam a dar pequenos passos em direção à mudança
de comportamento e creem que a mudança de comportamento pode levar a uma vida
mais saudável. Na próxima fase, ação, o comportamento foi modificado nos
últimos 6 meses, avançando na mudança do comportamento problemático ou
adquirindo novos comportamentos saudáveis. Enquanto na fase de manutenção as
pessoas mantiveram sua mudança de comportamento por mais de 6 meses e pretendem
manter a mudança de comportamento no futuro, trabalham para evitar recaídas aos
estágios anteriores. Por fim, na fase de término as pessoas não têm desejo de
retornar aos seus comportamentos prejudiciais e têm certeza de que não terão
recaídas. Como isso raramente é alcançado e as pessoas tendem a permanecer na
fase de manutenção, ela geralmente é desconsiderada no contexto da saúde.
A
“progressão” pelos estágios de mudança engloba processos cognitivos, afetivos e
avaliativos a fim de produzir estratégias para manutenção da mudança. Dentre as
estratégias estão: conscientização, incrementar o conhecimento sobre comportamentos
em saúde; avaliação ambiental, avaliação social da influência do próprio
comportamento em outras pessoas; controle de estímulo, estruturar o ambiente
para auxiliar e encorajar comportamento saudáveis ou remover comportamentos
danosos a saúde; autoavaliação, avaliação individual do papel do comportamento
em saúde; "autoliberação", comprometimento com mudança no
comportamento em saúde baseado na crença de que o comportamento é realizável. Assim,
vê-se que o modelo fornece estratégias para intervenções, na psicologia da
saúde, que visam abordar o processo de tomada de decisão em suas várias,
permitindo intervenções personalizadas e eficazes. Com isso, entende-se que o MTMC
incentiva a avaliação do estágio atual de mudança de um indivíduo e leva em consideração
as recaídas no processo de tomada de decisão.
Nenhum comentário: