Resiliência e seu impacto na saúde e no desenvolvimento infantil

 

Santos-Vitti, L., Oliveira, S. K., Nakano, C. T., & Dellazzana-Zanon, L. L. (2023). Resiliência e seu impacto na saúde e no desenvolvimento infantil. In A. Faro, E. Cerqueira-Santos, J. Tejada, & J. P. Silva (Orgs.). Pesquisas em Psicologia, Saúde e Sociedade (1th ed., pp. 91-112). Edições Concern. http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.2.14335.07841

Resenhado por Beatriz de Oliveira Santos

A resiliência está atrelada à capacidade de lidar com adversidades. Trata-se de um processo dinâmico que envolve a percepção de determinado evento como estressor, levando em consideração fatores de proteção e vulnerabilidade. Nesse sentindo, este capítulo se propôs a abordar aspectos que contribuem para o desenvolvimento da resiliência, destacando sua importância no contexto da infância, como os efeitos protetivos que ela exerce sobre a saúde infantil. Além disso, são apresentadas algumas medidas e instrumentos de avaliação para o construto nessa fase, assim como sua relação com a criatividade e o projeto de vida.

Diversos fatores, a exemplo de aspectos genéticos, ambientais/contextuais e a cultura influenciam a relação entre resiliência e o gerenciamento do estresse. Esses elementos desempenham um papel importante na facilitação ou dificuldade do processo de adaptação às adversidades. No contexto da infância, a resiliência pode desempenhar um papel fundamental, pois essa fase engloba desafios e novas aquisições de habilidades cognitivas, físicas, emocionais e sociais. Ainda, a criança pode ser exposta a fatores de risco, tais como negligência parental, abuso físico ou psicológico, insegurança afetiva, entre outros, que pode a colocar em uma situação vulnerável.

Ser resiliente envolve competências que auxiliam na manutenção de melhores níveis de saúde física e mental, uma vez que pressupõe a adoção de comportamentos mais saudáveis. Algumas pesquisas com crianças apontaram os pontos positivos da resiliência frente a contextos de conflitos armados, violência entre pares, bullying, em crianças do espectro autista e na obesidade infantil. Diante de sua relevância em cenários tão significativos, é importante pensar de que maneira respostas resilientes podem ser estimuladas em fases como a infância. Um exemplo é a qualidade do ambiente. O enriquecimento ambiental pode ampliar as chances de comportamentos resilientes serem adotados pelas crianças. Esses ambientes envolvem um cuidado acolhedor e sensível, suporte social, fortalecimento de vínculos afetivos e rotina adequada. Assim, levando em consideração a importância da resiliência nesse período, é fundamental conhecer como esse construto pode ser mensurado.

Este capítulo ainda destaca uma lacuna existente no processo de avaliação da resiliência infantil, tendo apenas o instrumento “Marcadores de resiliência infantil” disponível para uso profissional pelo SATEPSI. Como alternativa, a identificação de comportamentos resilientes nesse público pode se dá através de estratégias qualitativas e quantitativas, nas quais considerem informações sobre o ambiente em que a criança está inserida, analisando os fatores de risco e proteção. Por fim, o texto exemplifica a aplicabilidade da resiliência frente a adversidades, apresentando as relações entre projeto de vida, criatividade e comportamento resiliente. O processo criativo é importante para incentivar a busca por soluções criativas que resultem em adaptação. Já o projeto de vida se demonstrou relevante pois, quando desenvolvido desde a infância, pode agir como fator de proteção, contribuindo com a presença da resiliência. Esses projetos são capazes de direcionar as metas para atingir objetivos e proteger a pessoa de se envolver em comportamentos de risco.

Capítulos como este são de grande relevância, uma vez que proporcionam um melhor conhecimento de construtos que desempenham um papel fundamental no ajustamento psicológico. Essas variáveis têm uma importância significativa no contexto da saúde, pois podem fornecer a adoção de estratégias mais adaptativas para lidar com algum quadro apresentado, possibilitando uma melhora no enfrentamento e na qualidade de vida.

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