Depressão está associada com pior controle dos sintomas da asma e da rinite
Grosso, A., Pesce, G., Marcon, A., Piloni, D.,
Albicini, F., Gini, E., Marchetti, P., Battaglia, S., Ferrari, M., Fois, A.,
Piccioni, P., Antonicelli, L., Verlato, G., & Corsico, A. G. (2019). Depression is associated with poor control of symptoms in asthma and
rhinitis: A population-based study. Respiratory Medicine, 155, 6–12.
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2019.06.025
Resenhado por Luiz
Fernando de Andrade Melo
A depressão está comumente associada com
doenças crônicas, especialmente as respiratórias como asma e rinite. Ela também
está relacionada com a severidade e o controle de tais enfermidades, além de
reduzir a qualidade de vida dos indivíduos. Fisiologicamente, a depressão
também interfere nos mecanismos inflamatórios presentes na asma e na rinite
alérgica. Outro ponto importante é a predição: pessoas com doenças
respiratórias crônicas têm maior risco de depressão e quem sofre do transtorno
mental pode piorar o quadro asmático. Ainda assim, algumas características
entre tais relações precisam ser analisadas e, por isso, este estudo teve como
pesquisar as diferenças nos sintomas respiratórios, no funcionamento pulmonar e
na qualidade de vida de pessoas com rinite ou asma com ou sem depressão.
Participaram da pesquisa 2227 pessoas,
sendo divididas em três grupos: 528 que reportaram ter asma, 972 que reportaram
sintomas de rinite, mas sem asma, e 727 no grupo controle, sem ambas as
doenças. Elas responderam o Patient Health Questionnaire – PHQ-2 para
avaliar indicativos de depressão e a Short Form Health Survey – SF-36 qualidade
de vida. Já em relação às doenças físicas, utilizou-se o questionário Rhinasthma
para relatar saúde e sintomas respiratórios e o Asthma Control Test – ACT
para controle dos sintomas asmáticos. As análises feitas seguiram modelos de
regressão logística multinominal e regressões lineares ou binominais, de acordo
com as associações feitas entre as variáveis.
Os resultados demonstraram que indivíduos
com asma tinham 16,7% de ocorrência de depressão e com rinite o número foi de
11,9%. Já o grupo controle teve ocorrência de 5,1%. Entre aqueles que tinham
asma, os que apresentaram indicativos de depressão tinham menor controle sobre
a doença respiratório que aqueles que não apresentaram tais índices. A
qualidade de vida também foi pior entre pessoas com depressão nos grupos de
asmáticos e da população com rinite. No grupo com rinite, os deprimidos relataram
maior dificuldade nas suas atividades diárias por conta dos sintomas nasais. Ademais,
tais sintomas nasais são mais prováveis de acontecer por mais de 6 meses ao ano
nos indivíduos com depressão, quando comparados aos sem esse quadro clínico,
dentro do grupo com rinite.
O estudo tem sua relevância por mostrar o
papel da depressão nos sintomas sentidos em doenças respiratórias crônicas,
mais especificamente a asma e a rinite. Nota-se que o impacto dessas
enfermidades é maior ou mais percebido entre aqueles que possuem sinais de
depressão. Tal relação já foi notada em outros estudos presentes na literatura
e salientam a importância de intervenções no transtorno mental para melhoria da
qualidade de vida e da relação que o indivíduo tem com a doença. A mudança não
se dá somente na saúde mental, como também corrobora para menor frequência de
sintomas respiratórios e para adesão a tratamentos da asma e da rinite. Sendo
assim, a pesquisa é importante para dar suporte à Psicologia da Saúde em
intervenções clínicas que auxiliem nas associações encontradas entre a
depressão, asma e rinite. Por fim, suas únicas limitações estão ligadas ao
instrumento utilizado para avaliar o transtorno mental, com apenas 2 itens, ao
uso de relato pessoal e à natureza transversal do estudo, podendo ser
reavaliadas em pesquisas futuras.
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