Distresse, burnout e estratégias de enfrentamento entre professores nigerianos do ensino fundamental: um estudo transversal
Ozoemena, E. L., Agbaje, O. S., Ogundu, L., Ononuju, A.
H., Umoke, P. C. I., Iweama, C. N., Kato, G. U., Isabu, A. C., & Obute, A.
J. (2021). Psychological
distress, burnout, and coping strategies among Nigerian primary school teachers:
A school-based cross-sectional study. BMC Public Health, 21(2327),
1-15. https://doi.org/10.1186/s12889-021-12397-x
Resenhado por Gessica Leal
Os
professores vivenciam estresse ocupacional excessivo no ambiente escolar, decorrente
de fatores como: níveis elevados de exigência, baixo controle do trabalho,
recompensas escassas, insegurança, pressões de tempo, comportamentos
desadaptativos dos alunos, ambiguidade de funções e más condições laborais. Tais
fatores podem contribuir para desfechos negativos na saúde mental desses
profissionais, a exemplo do distresse e do burnout.
O distresse psicológico se manifesta através de ansiedade, tristeza,
nervosismo, irritabilidade, dentre outros sintomas. O burnout, por sua vez, é uma síndrome psicológica em resposta a estressores
crônicos no trabalho. Quando as demandas do ambiente superam os recursos
individuais, os professores podem adotar determinadas estratégias de
enfrentamento, focadas na emoção ou no problema, o que pode atenuar ou agravar
os efeitos do estresse e do burnout.
Realizou-se um estudo transversal, entre maio e outubro de 2019,
com 264 professores da cidade de Nsukka, sudeste da Nigéria. Os objetivos da
pesquisa foram: (1) medir a prevalência de distresse e burnout em uma amostra de professores do ensino fundamental, (2)
determinar as estratégias de enfrentamento do distresse e burnout empregadas pelos profissionais, e (3) identificar os
fatores sociodemográficos associados ao distresse, ao burnout e as estratégias de enfrentamento. As características
sociodemográficas foram coletadas através de um questionário desenvolvido pelos
pesquisadores. O distresse, o esgotamento e as estratégias de enfrentamento
foram avaliados, respectivamente, pelos seguintes instrumentos: General Health Questionnaire (GHQ-12), Maslach Burnout Inventory-General Survey
(MBI-GS) e Brief Coping Orientation for
Problem Experiences (Brief COPE).
Os
resultados indicaram que 69% dos professores avaliados apresentaram distresse
psicológico e 36% apresentavam burnout. Quanto
às estratégias de enfrentamento, 54% da amostra adotou estratégias com foco na
emoção, relacionadas a diminuição da realização pessoal e ao aumento da
exaustão emocional, componentes do burnout,
e 42% com foco no problema, associadas positivamente ao distresse. Foram
identificadas diferenças estatisticamente significativas na presença de
distresse e burnout entre os
participantes por sexo, idade, estado civil, renda mensal e qualificação
profissional. Os maiores níveis de distresse foram encontrados entre as
mulheres e na faixa etária dos 20 aos 29 anos. Quanto ao burnout, os mais afetados foram professores mais velhos, com maior
qualificação profissional, maior renda e entre os viúvos e separados.
Os achados deste estudo são relevantes para a
psicologia da saúde, pois reforçam que os professores apresentam alta
ocorrência de distresse e esgotamento, o que é consequência da interação entre
diversos fatores, a exemplo dos estressores presentes no contexto escolar. Tais
conclusões apontam para a necessidade da realização de intervenções
direcionadas a esses profissionais, tanto no aspecto preventivo, quanto
mitigando os desfechos adversos, através do manejo do estresse e da
aprendizagem de estratégias adaptativas de enfrentamento.
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