A Psicologia e a doença de Machado-Joseph
Cyrne,
D. A. B., Malagutti, W., Barnabé, A. S., Fornari, J. V., Rodrigues, F. S. M.,
& Ferraz, R. R. N. (2011). Ataxia espinocerebelar (doença de
Machado-Joseph): Três relatos de caso. ConScientiae
Saúde, 10(2), 346-355.
doi:10.5585/ConsSaude.v10i2.2374
Resenhado por Laís Santos
A doença de
Machado-Joseph (DMJ) é uma doença neurodegenerativa hereditária que atinge os
neurônios cerebelares. Os primeiros sintomas surgem geralmente na fase adulta,
por volta da meia-idade e culminam na perda progressiva dos movimentos e na
morte de grupos específicos de neurônios. Em geral, os sintomas da DMJ se
relacionam a dificuldades na marcha, fala, coordenação
motora e movimentos finos das mãos, a exemplo de segurar objetos e realizar
atividades cotidianas. No Brasil, a cada 100 mil pessoas uma possui a
DMJ.
Por ser uma doença
neurodegenerativa de efeitos progressivos para os quais não há possibilidade de
cura, a DMJ afeta não apenas a qualidade de vida de seus portadores, mas todo o
contexto familiar. Em geral, é a partir dos 40 anos que em média os primeiros
sintomas aparecem. Nessa idade, boa parte das pessoas já alcançou ou está
prestes a alcançar estabilidade financeira e profissional, bem como constituir
família e ter filhos. Assim, receber o diagnóstico dessa doença interfere
diretamente em todo o funcionamento do indivíduo, visto que, gradativamente,
atividades simples como “tomar banho e escovar os dentes sozinho” se tornam
inviáveis. Ainda, por se tratar de uma doença hereditária, além de lidar com a
impossibilidade de cura, os portadores da DMJ precisam se adaptar a
probabilidade de que seus filhos ou demais descentes herdem geneticamente a
mutação que ocasiona tal condição, o que pode em alguns casos produzir sentimento
de culpa.
Nesse contexto, faz-se
necessário o atendimento multiprofissional qualificado que dê suporte adequado
ao paciente e aos seus familiares. Em especial, à Psicologia cabe a missão de agir
na minimização de aspectos importantes como a redução da autoestima, perda de
autonomia, aumento de sintomas depressivos e ansiosos, além da presença de
afetos negativos, tais como medo, raiva. O trabalho do psicólogo, então,
associado aos demais profissionais da equipe, deve se centrar em proporcionar
melhor qualidade de vida e bem-estar para os portadores da DMJ e seus
respectivos familiares.
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