Relação terapêutica e adesão em doentes portadores da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)
Margalho,
R., Paixão, R., & Pereira, M. (2010). Relação terapêutica e adesão em
doentes portadores da infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Psicologia, Saúde & Doenças, 11(1), 71-81.
Resenhado
por Joelma Araújo
A
adesão ao tratamento é algo dinâmico, que envolve muitos fatores, variando de
acordo com o tratamento farmacológico, as características da doença, os fatores
psicossociais, a variabilidade individual, a relação terapêutica e os cuidados
de saúde. No caso de pessoas soropositivas (portadoras do Vírus da
Imunodeficiência Humana -HIV), o comportamento de adesão é decisivo para a
sobrevida, sendo que para o controle da infecção é necessário utilizar de 90
a 95% das doses dos medicamentos
antirretrovirais (Lecour, Sarmento, & Castro, 2004).
A
relação terapêutica é um elemento essencial para a adesão ao tratamento. Além
disso, observa-se que crenças positivas a respeito da eficácia dos medicamentos
aumentam os níveis de adesão. É fundamental que comunicação entre médico e
paciente advenha de uma relação empática, com um discurso médico simples
pautado em prestar informações ao paciente, dirimindo dúvidas e esclarecendo a importância
dos medicamentos e de sua adesão ao tratamento.
Desta
forma, o presente estudo objetivou avaliar a influência da relação terapêutica no
processo de adesão, tendo como hipótese que esta relação quando positiva facilita
a aderência ao tratamento. Para isto, um estudo empírico foi realizado tendo com
amostra 81 pacientes, sendo 41 deles do sexo feminino, com média 38,7 anos de
idade. Os resultados encontrados corroboraram
a hipótese de que a adesão ao tratamento é influenciada pela relação
terapêutica positiva, uma vez que se observou maior proporção de doentes que
não aderem ao uso da medicação classificam a relação terapêutica como negativa.
Outro ponto salientado foi o de que os pacientes que caracterizam a relação como
disponível e positiva foram aqueles que apresentam maior tempo de infecção, e
consequentemente maior adaptação. Os autores pontuam que essa adaptação é
resultado de um somatório de recursos que contribuem para reagir e lidar com a
doença.
Assim, percebe-se a relação
terapêutica como fator primordial para o sucesso de qualquer tratamento,
especialmente em doenças crônicas e graves como o HIV. Nesse sentido, o profissional
de psicologia da saúde tem o papel de auxiliar este processo de adaptação,
adesão ao tratamento e de enfrentamento da doença, auxiliando o paciente a agir
de forma mais ativa e consciente dos processos necessários para um melhor
prognóstico.
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