Convivendo com a Doença de Huntington: Dificuldades enfrentadas pela família
Silva, A. H., Camelo, E. R.,
Melo, L. C. O., Souza, S. F., Silva, G. G., & Pereira, F. G. (2014).
Huntington: Dificuldades enfrentadas pela família. Journal of the Health Sciences Institute, 32(2), 168-172.
Resenhado por
Sara Andrade
A Doença de Huntington (DH) é uma
patologia hereditária autossômica, degenerativa do sistema nervoso central,
cujo principais sintomas são um conjunto de alterações cognitivas, emocionais e
motoras. Pode acometer pessoas em diferentes faixas etárias, mas a idade média é
de 40 anos. Possui três estágios, os quais incluem desde dificuldades na
coordenação, movimentos, pensamentos e humor, até falhas na fala e deglutição, culminando
em estado de total dependência dos outros.
A progressão da doença resulta em
dificuldades no relacionamento familiar, devido às alterações na personalidade
das pessoas adoecidas, levando a desadaptação na vida e ambiente que as rodeia.
Somado aos sintomas supracitados, pacientes com DH tendem a desenvolver
condições e sintomas psiquiátricos, como depressão, sintomas obsessivos,
agressividade, entre outros. O presente estudo objetivou identificar as
principais dificuldades vivenciadas pelos familiares dos portadores de DH em um
município de Goiás, bem como relacioná-las com os já encontrados na literatura.
A pesquisa teve caráter exploratório e,
por ser a DH uma doença rara, contou apenas com dois familiares entrevistados.
Os dados foram analisados através da analise de conteúdo de Bardin. Os
resultados levaram às categorias de dificuldades: falta de liberdade, estresse,
dependência de outras pessoas, agressividade, risco de suicídio, compaixão,
medo de desenvolver a doença, frustração, revolta, raiva, angústia e
desconhecimento da doença.
Dentre todas as dificuldades, a falta de
liberdade, a dependência dos outros, o estresse, a agressividade e o medo de
desenvolver a doença foram os mais relacionados aos estudos da literatura,
também foram percebidos como mais impactantes na convivência diária com a DH.
Os autores concluem que as mudanças advindas do diagnóstico de DH são inúmeras,
podendo ir desde abandono de empregos até amadurecimento prematuro dos
familiares, que depositam seus esforços em cuidar da pessoa adoecida,
frequentemente muito jovem.
Por fim, os autores
salientaram a escassez de estudos consistentes sobre a doença e sobre os
impactos nos familiares. Cabe analisar a necessidade do trabalho do psicólogo,
especialmente atuante em Psicologia da Saúde, visto que através dela é possível
pensar estratégias de enfrentamento, recursos de regulação emocional, e manejo
cognitivo diante da condição de DH, tanto com pacientes, quanto familiares.
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