O adolescente com Fibrose Cística: Crescer na diferença
Reisinho, M. D. C., & Gomes, B. (2016). O
adolescente com fibrose cística: Crescer na diferença. Revista
Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, (SPE3), 85-94. doi: 10.19131/rpesm.0123
Resenhado
por Maísa Carvalho
A
adolescência se caracteriza como um período do desenvolvimento onde ocorrem múltiplas
alterações biopsicossociais que, frequentemente, impulsionam o sujeito a
exercitar a sua capacidade de ajustamento, almejando um desenvolvimento social
saudável. A presença de uma doença crônica como a Fibrose Cística (FC), patologia
caracterizada por disfunção nas glândulas exócrinas e que apresenta
manifestações clínicas como tosse crônica, pneumonias, desnutrição e suor
salgado, exponenciam as dificuldades relacionadas a essa etapa e podem
interferir a autoimagem e vida social do adolescente.
O
estudo em questão utilizou como aporte teórico a Teoria das Transições de Meleis
e como opção metodológica a Teoria Fundamentada nos Dados (TFD). A apreensão
dos dados foi feita com o uso de entrevistas semiestruturadas que possuíam duas
perguntas base – “Experiência como doente com FC?” e “Ter FC é...?”. A amostra
foi constituída por 16 adolescentes (5 do sexo masculino e 11 do feminino), com
idades entre 11 e 23 anos, diagnosticados com FC há mais de 1 ano e
escolaridade entre 5° ano e mestrado.
Os
resultados obtidos dos relatos dos adolescentes foram subdivididos em 5
categorias, que juntas demonstram o processo de conscientização da doença, o
que abarca desde o conhecimento do diagnóstico até a autonomia nos tratamentos.
A seguir são descritas as categorias e suas respectivas definições.
1)
Condições Causais – Mudança e Diferença:
A doença é identificada ainda na infância, em idade escolar. A aceitação
geralmente vem na mesma medida em que o indivíduo percebe sua diferença em
relação aos outros por conta de pequenas manifestações patológicas.
2)
Contexto – Acontecimentos e Pontos
Críticos: Por estarem inseridos em diferentes contextos sociais, os
adolescentes sentem a necessidade de explicitar limitações físicas, sociais e
temporais concernentes à doença, que implicam em sua rotina.
3)
Intervenientes – Espaço Temporal da Transição:
Existe uma transição entre o diagnóstico e aceitação, esta última mais
assimilada quando o adolescente sente-se capaz de realizar atividades como os
outros pares que não possuem a FC.
4)
Estratégias de ação – Empenhamento:
Refere-se as ações realizadas pelos jovens para conhecer um pouco mais sobre
seu quadro clínico. Na pesquisa, a internet e os questionamentos a pessoas de
confiança, tais como pais e profissionais de saúde, os elementos mais
utilizados.
5)
Consequências – Domínios de Novas Competências:
Ao final da transição, os adolescentes sentem a necessidade de exercitar sua
autonomia e responsabilidade em virtude de viver com uma doença crônica. A
curiosidade em conhecer a FC é um dos fatores que propulsionam esse desejo.
A
vivência de doenças, especialmente as crônicas e terminais, demandam maior
acompanhamento e apoio por parte dos profissionais de saúde. O psicólogo, em
especial, busca trabalhar a autonomia e adaptação do indivíduo dentro das suas
limitações, além de outras questões pertinentes que possam afetar o processo de
adesão ao tratamento.
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