Síndrome depressiva: Um estudo com pacientes e familiares no contexto da doença renal crônica

Costa, F. C., & Coutinho, M. P. L. (2016). Síndrome depressiva: Um estudo com pacientes e familiares no contexto da doença renal crônica. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 7, 38-55.
Resenhado por Brenda Fernanda

A Doença Renal Crônica (DRC) é a fase mais avançada da insuficiência renal, que se caracteriza pela perda progressiva e irreversível das funções dos rins. Em função de seu quadro usualmente assintomático, quando a DRC é diagnosticada geralmente a condição clínica já se apresenta bastante avançada, necessitando imediatamente de tratamento que supra a função renal, sendo a hemodiálise (HD) o mais adotado. Esta consiste em um processo mecânico e extracorpóreo, que retira substâncias tóxicas e excesso de líquido do organismo. A HD acontece normalmente três vezes por semana, com duração aproximada de quatro horas. Além da realização deste tratamento, a DRC acarreta diversas limitações para o cotidiano dos indivíduos acometidos, incluindo a restrição alimentar e uso contínuo de medicamentos. Diante de tais limitações e do sofrimento psicológico que a DRC desencadeia, a sintomatologia depressiva tem se mostrado como um dos sintomas mais comuns nestes pacientes, bem como em seus cuidadores, que acompanham de perto todas as mudanças e restrições cotidianas.
O presente estudo mensurou a sintomatologia depressiva em pacientes renais crônicos e seus familiares/cuidadores e relacioná-la as variáveis sociodemográficas. Para tal, realizou-se uma pesquisa quantitativa descritiva, em três instituições hospitalares que disponibilizam a HD para adultos, conveniadas com o SUS, no município de João Pessoa (PB). Participaram da pesquisa 50 cuidadores e 50 pacientes maiores de 18 anos e em tratamento há pelo menos três meses. Como instrumentos, utilizaram-se um questionário sociodemográfico e HADS (Hospital Anxiety and Depression Scale).
A prevalência de depressão entre os pacientes foi de 20%, sendo que 12% apresentaram sintomatologia depressiva leve, 6% moderada e 2% grave. Quanto aos cuidadores, constatou-se um total de 46% de com sintomatologia depressiva, com 30% exibindo sintomas em grau leve, 10% moderado e 6% grave. A ocorrência de depressão nos cuidadores pode indicar o quanto a atividade de cuidado pode ser desgastante e fator de risco para o desenvolvimento de sintomas depressivos. Ao relacionar a presença de sintomatologia depressivas às variáveis sociodemográficas, observou-se que ser casado funcionou como fator protetivo aos sintomas depressivos. Quanto aos cuidadores, quanto maior o tempo de cuidado, maior sintomatologia depressiva.
Diante dos resultados observados, ficou clara a necessidade do acompanhamento psicológico não apenas para os pacientes dialíticos, mas também para os cuidadores. Cada vez mais tem se entendido a necessidade de prestar suporte a ambos os grupos. Além disso, pode-se dizer que estudos como o aqui relatado visam a fornecer subsídios para a atuação mais qualificada dos profissionais da saúde, incluindo o psicólogo da saúde, direcionadas para a prevenção e/ou tratamento da depressão nos pacientes e cuidadores de doentes renais crônicos.

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