Parir dói: Violência obstétrica sofrida por mulheres no momento do parto
Guimarães, L.B.E., Jonas, E., & Amaral,
L.R.O.G. (2018). Violência obstétrica em maternidades públicas do
estado do Tocantins. Revista
Estudos Feministas,
26.
Resenhado por Ariana Moura
A violência obstétrica pode ser
definida como qualquer conduta, ato ou omissão realizado por profissionais de
saúde que, direta ou indiretamente, leva à apropriação indevida dos processos
corporais e reprodutivos das mulheres. Tal violência é expressa, por exemplo, no
tratamento desumano, abuso da medicalização e patologização dos processos
naturais.
A pesquisa em questão identificou as
percepções das mulheres sobre violência obstétrica durante o parto em
maternidades públicas do Estado do Tocantins, no período de 2010 a 2013. Dentre
as 56 entrevistadas, 43 relataram ter sofrido algum tipo de violência por parte
dos profissionais de saúde.
Observou-se que a percepção das mulheres sobre a violência obstétrica sofrida está
relacionada à falta de qualidade na assistência, destacando-se a ausência de
vínculo e comunicação entre profissionais, pacientes e seus familiares,
problemas nos diagnósticos médicos, falta de acolhimento e resolutividade. Além
disso, as entrevistadas relataram diversos sentimentos
vivenciados em decorrência da violência obstétrica, entre eles: chateação, tristeza, medo da morte de
seus bebês e delas próprias, sentimentos de incapacidade e fragilidade
atribuídos como consequência do atendimento inadequado proporcionado pelos
profissionais.
Através dos relatos, os autores
observaram que a violência obstétrica é difusa e contempla, além das relações interpessoais,
várias faces da violência institucional. Na origem desse ato está a formação
precária, a ausência de educação permanente em saúde, a desorganização dos
serviços, os problemas estruturais e o descumprimento de práticas baseadas em
evidências científicas.
Por fim, o
combate a essa prática precisa acontecer nas várias esferas sociais, e,à
Psicologia cabe a legitimação do sofrimento decorrente de tal violência, dar
voz às vítimas e criar pontes entre a equipe multidisciplinar e as pacientes em
busca do resgate da percepção
do parto com um momento significativo e único na vida de cada mulher.
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