Ansiedade e depressão em pacientes com esclerose múltipla
Young-Blood,
M. R., Chirichela, I. A., Pucci Filho, C. R., Camargo, C. H. F., & da
Fonseca, R. C. V. (2016). Ansiedade e depressão em pacientes com esclerose
múltipla. Revista PsicoFAE: Pluralidades em Saúde Mental, 5(1),
31-46.
Resenhado por Gabriela de Queiroz
A Esclerose Múltipla (EM) é
caracterizada como uma doença inflamatória, autoimune, crônica, desmielinizante
e degenerativa que atinge o Sistema Nervoso. Sua etiologia está ligada a
interações entre o ambiente, SNC, sistema imunológico e também fatores
hereditários. Comumente, o inicio da doença ocorre entre os 20 e 40 anos, com
prognóstico variável, e com taxa de ocorrência 2 vezes maior em mulheres. As
taxas de ansiedade e depressão na população acometida pela EM são consideradas
elevadas quando comparadas à população geral ou com outras doenças crônicas,
sendo estes os transtornos mentais mais prevalentes em pacientes com EM. Há
também indícios de que sintomas ansiosos e depressivos estão diretamente
relacionados a piora na qualidade de vida de pacientes com EM.
O presente estudo buscou mensurar a
prevalência de depressão e ansiedade em pacientes com diagnóstico de EM em um
Estado brasileiro, bem como verificar a correlação entre ansiedade, depressão e
a subjetividade dos pacientes acerca do seu adoecimento. Para isto, realizou-se
um estudo observacional descritivo transversal, com 11 pacientes em tratamento
ambulatorial especializado em um Hospital Universitário. Os instrumentos
utilizados foram o BAI (Beck Anxiety
Inventory); o BDI (Beck Depression
Inventory); e uma entrevista fenomenológica qualitativa com três perguntas,
a fim de compreender o impacto da doença na vida pessoal, nas relações sociais
e atividades laborais.
Os resultados indicaram que 50% das
mulheres da amostra apresentaram índices de ansiedade superiores ao dos homens.
Todos os pacientes apresentaram sintomas depressivos, em maior ou menor grau,
mas nenhum deles foi considerado um paciente com depressão severa. Vale
ressaltar que 70% dos pacientes faziam uso de ansiolíticos e/ou antidepressivos.
Desta forma, entende-se que os medicamentos podem ter reduzido os sintomas, mas
que não os eliminou.
A análise dos dados subjetivos identificou
que o impacto da doença na vida do paciente se apresenta na forma de tristeza,
pessimismo e isolamento; os pacientes também sinalizam a perda da independência
e o efeito disto em suas relações sociais. Por fim, evidenciam o sofrimento
causado pelo afastamento do trabalho, causado principalmente pela dor e fadiga
que acompanham a doença. Constatou-se que todos estes fatores se correlacionam positivamente
ao surgimento de sintomas ansiosos e depressivos.
Diante desses resultados, foi
possível afirmar que o estudo cumpriu com os objetivos pretendidos, bem como
destaca a importância de um tratamento mais completo a estes pacientes. Tal
proposta deve incluir assistência médica e psicoterápica, a fim de que os
pacientes sejam mais bem assistidos emocionalmente, favorecendo, assim, a
minimização do impacto psicológico da EM.
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