Medidas de reserva cognitiva na doença de Alzheimer

Sobral, M., Pestana, M. H., Constança, P. (2014). Measures of cognitive reserve in Alzheimer’s disease. Psychiatry Psychotheraphy, 36(3), 160-168. doi:10.1590/2237-6089-2014-0012 

Resenhado por Iracema R. O. Freitas

       A doença de Alzheimer (DA) é um distúrbio neurodegenerativo progressivo que se caracteriza pela deterioração das capacidades cognitiva e funcional além dos sintomas neuropsiquiátricos e comportamentais. Esse tipo de demência é a mais comum entre os idosos, sendo que quanto maior o tempo de vida maior será a probabilidade do seu surgimento. O conceito de Reserva Cognitiva (RC) se refere a um construto hipotético que fornece informações sobre o envelhecimento cognitivo, na tentativa de conhecer como o cérebro pode lidar com os efeitos dos processos neurodegenerativos e para minimizar os sinais clínicos da demência. A RC pode resultar de inteligência inata ou experiências de vida, e trabalha com a hipótese de que pessoas que possuem maior RC lidam melhor com o avanço da DA. A medida da RC não pode ser realizada diretamente, sendo necessária a aplicação de instrumentos que analisem variáveis relacionadas a experiência ao longo da vida, como educação, ocupação e atividades de lazer, bem como outras variáveis que possam ajudar a manter a função cognitiva na velhice.
    O estudo foi realizado no Hospital Magalhães Lemos (Porto, Portugal), com 75 pacientes ambulatoriais diagnosticados com DA, cuja idade média era de 80 anos, tendo sido avaliadas as capacidades funcionais e neuropsicológicas. Os intrumentos utilizados foram dois questionários: participação em Atividades de Lazer ao Longo da Vida (PLA). Os resultados apontaram que os pacientes com maiores níveis educacionais, ocupações mais complexas e maior atividade intelectual ao longo da vida obtiveram maior RC que aqueles com menor atividade intelectual e científica.
      Para a Psicologia a relevância da RC em pacientes com DA está em possibilitar uma melhora na forma como se lida com a demência, adiando os efeitos da degeneração principalmente em pacientes iniciais. Os itens presentes nos instrumentos descrevem um quadro de atividades cotidianas realizadas durante a vida desses pacientes, tais como tocar instrumentos musicais, hábito da leitura, prática de jogos que exigem concentração e esforça cognitivo, estudo de outros idiomas e outros. Tais habilidades desenvolvidas ao longo da vida possuem um papel determinante na maneira como o Alzheimer pode impactar a vida do paciente em curto e longo prazo.

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