Percepção masculina acerca das barreiras em procurar ajuda para depressão: Descobertas longitudinais acerca do início e duração dos sintomas

Rice, S. M., Aucote, H. M., Parker, A. G., Alvarez-Jimenez, M., Filia, K. M., & Amminger, G. P. (2017). Men’s perceived barriers to help seeking for depression: Longitudinal findings relative to symptom onset and duration. Journal of Health Psychology22(5), 529-536. doi: 10.1177/1359105315605655

Resenhado por Geovanna Turri

A capacidade dos homens em buscar comportamentos em saúde ocorre dentro dos limites de condições influenciadas por valores culturais, históricos e sociais mais amplos, que traz junto uma carga negativa que envolve conceitos como masculinidade. A busca ocorre na maior parte das vezes quando os sintomas já são inegáveis ou estão em estágio mais grave. O presente estudo colabora para a compreensão da psicologia da saúde e suas intervenções junto à população masculina, investigando a relação entre a cronicidade dos sintomas da depressão e a busca por ajuda, em relação ao início e duração dos sintomas.
Participaram deste estudo 125 homens com idade média de 39 anos, que forneceram dados sobre barreiras percebidas para a busca de ajuda em saúde mental e que se auto relataram com depressão. A depressão foi avaliada por meio do Questionário de Saúde do Paciente (Patient Health Questionnaire [PHQ-9]; Kroenke et al., 2001). A busca de ajuda anterior para depressão foi avaliada pelo item único: "Você já esteve em tratamento para depressão?”. Para aqueles que responderam positivamente foi perguntado sobre qual profissional forneceu o tratamento. Foram avaliadas ainda as barreiras presentes durante a busca por ajuda por meio da Barriers to Help-Seeking Scale (BHSS; Mansfield et al., 2005).
Em síntese os resultados mostraram que aqueles homens que afirmaram ter depressão há médio/longo prazo relataram mais barreiras para buscar ajuda do que homens com diagnóstico recente. Esse achado foi consistente em todos os domínios de barreiras pela busca de ajuda e ocorreu independentemente de busca anterior por ajuda psicológica. Ao relatar dados longitudinais relacionados a experiências de sintomas de depressão, este estudo indicou uma relação entre a busca assistida, barreiras percebidas e duração dos sintomas de depressão. A gravidade dos sintomas foi identificada como fator chave para motivar os homens a buscarem ajuda, auxiliando-os a superar a visão de “invulnerabilidade”. 
A experiência da depressão de longa data dos sintomas (maior que 15 semanas) foram insuficientes para alegar que os homens desse grupo superaram as barreiras percebidas. Ao discutir sobre os achados, os autores narraram que é possível que os homens deste estudo que relataram depressão há longa data, podem ter visto seus sintomas como “injustificáveis” para buscar atendimento psicológico. Além disso, baixos níveis de escolaridade e de informações acerca de saúde (e da própria depressão) poderiam ter impedido o reconhecimento de sintomas nos participantes, impedindo que se conscientizassem da necessidade de procurar ajuda. O estudo também revelou que a experiência anterior não garantiria uma nova busca por atendimento e ajuda, indo de encontro a outros estudos. A busca prévia por ajuda psicológica não influenciaria positivamente na atitude de buscar ajuda.
Os presentes achados destacam a necessidade de desenvolver e avaliar intervenções psicológicas para a população masculina que sofre ou que pode vim a sofrer com a depressão. Acredita-se que entender os fatores envolvidos e as barreiras percebidas por esses homens para buscar ajuda é de extrema relevância para traçar estratégias de intervenção mais pontuais e eficazes.

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