Aspectos biopsicossociais e qualidade de vida de pessoas com dermatoses crónicas*
Calvetti, P. U., Rivas, R. S. J.,
Coser, J., Barbosa, A. C. M., & Ramos, D. (2017). Aspectos biopsicossociais
e qualidade de vida de pessoas com dermatoses crónicas. Psicologia, Saúde & Doenças, 18(2), 297-307. doi:10.15309/17psd180202
Resenhado por Brenda Fernanda
Os
autores iniciam o artigo discorrendo sobre as características e função da pele,
que consiste, entre outras coisas, em proteção, participação no sistema
imunológico e regulação da temperatura corpórea. Destacam que as dermatoses
causam impacto no estado emocional, nas relações sociais e nas atividades
cotidianas em ao menos um terço dos indivíduos acometidos. Estes, podem ser
ocasionados em função dos estigmas originados pela estética das lesões na pele
e estão relacionados quadros de estresse, depressão e ansiedade, que também
exacerbam as lesões. Ressalta-se também a associação entre a pele e a imagem
corporal, indicando que as alterações na imagem ocasionadas pelas condições dermatológicas
podem acarretar sofrimento psicológico.
No
que diz respeito à etiologia das doenças de pele, os fatores que a desencadeiam
ainda não estão completamente estabelecidos, mas sabe-se que fatores biológicos
e psicológicos influenciam a percepção do estresse e a resposta ao tratamento
dermatológico. Além disso, destaca-se que a literatura atual tem demonstrado
evidências quanto à eficácia de intervenções psicoterapêuticas e
psicofarmacológicas para a redução do estresse e melhor resposta ao tratamento
da psoríase. Em função da necessidade de se conhecer melhor as aspectos
biopsicossociais relacionados às doenças de pele, o presente estudo objetivou avaliar
os aspectos biopsicossociais e qualidade de vida de pessoas com dermatoses
crônicas atendidas em centro de dermatologia da rede pública de saúde.
O
presente estudo apresentou delineamento transversal descritivo e analítico, na
qual participaram 130 adultos, portadores de dermatose crônica, atendidos em um
centro de saúde de dermatologia do sul do Brasil. Os critérios de inclusão
foram: idade entre 18 e 80 anos e ter diagnóstico médico dermatológico de
dermatose crônica (vitiligo, psoríase, pênfigo, rosácea, dermatite atópica,
etc.). Os critérios de exclusão foram diagnóstico de HIV/AIDS e câncer.
Utilizou-se questionário sociodemográfico e clínico e Índice de Qualidade de
Vida em Dermatologia (DLQI-BRA).
Observou-se
que mais da metade da amostra (56,5%) relacionou algum evento estressor ao
início de sua doença de pele. Quanto à qualidade de vida, 62,6% a perceberam
como boa ou muito boa; 56,5% dos respondentes demonstraram satisfação em
relação à sua autoimagem e autoestima; 51,1% dos participantes afirmou não ter alterado
sua rotina profissional, de lazer ou social em decorrência da dermatose; 67,2%
referiu não ter sofrido qualquer tipo de preconceito.
Em suma, os
resultados apontaram para uma boa qualidade de vida na população em estudo,
divergindo dos achados mais comuns da literatura. Tal fato pode ser explicado
pela boa adesão ao tratamento medicamentoso e pela presença da equipe de
Psicologia no serviço de saúde, evidenciando a importância da intervenção
psicológica associada ao tratamento dermatológico para resultados mais eficazes
e melhora na qualidade de vida dos pacientes. Além disso, os respondentes
também destacaram a presença de suporte social positivo, que poderia funcionar
como fator protetivo em relação ao desencadeamento de sofrimento psicológico.
*Foi mantida a grafia original da palavra (artigo em
Português de Portugal).
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