Diabetes Mellitus e Depressão: Uma Revisão Sistemática
Moreira, O., Papelbaum,
M., Appolinario, J. C., Matos, A. G.; Coutinho, W. F.; Meirelles, M. R.;
Ellinger, C. M.; Zagury, L. (2003). Diabetes Mellitus e Depressão: Uma Revisão
Sistemática. Arquivos Brasileiros de
Endocrinologia & Metabologia, 47(1), 19-29.
Resenhado por Renata
Elly
A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica que afeta
aproximadamente 7,6% da população brasileira entre 30 e 69 anos. Pacientes com
diabetes necessitam modificar hábitos alimentares e aderir a esquemas
terapêuticos restritivos. Esses hábitos podem repercutir no estado de humor dos
pacientes diabéticos. No caso dos sintomas depressivos, estes podem prejudicar
a adesão ao tratamento, piorar o controle metabólico e aumentar o risco de
complicações da DM.
Os autores realizaram uma revisão sistemática da literatura
utilizando as bases de dados MEDLINE e LILACS, utilizando os termos Diabetes Mellitus, glycosylated hemoglobin,
glycemic control, depression, depressive disorder, depressive symptoms e
dysthymia. Os critérios de inclusão foram artigos com amostra na população
adulta, meta-análises, revisões sistemáticas e revisões de especialistas,
publicados entre janeiro de 1990 e agosto de 2001.
Entre os achados, cabe ressaltar a meta-análise publicada por
Anderson e cols (2001), os autores chegaram à conclusão de que: 1) o DM
praticamente duplica o risco de depressão; 2) um em cada 3 pacientes diabéticos
têm depressão; 3) a prevalência de depressão varia sistematicamente em função
do instrumento e da amostra utilizada; 4) mulheres diabéticas apresentam maior
risco de depressão; e 5) não houve diferença na prevalência de depressão entre
o DM tipo 1 e 2.
Foi encontrado pelos autores 2 fatores que parecem associar-se
diretamente com a presença de sintomas depressivos no paciente diabético: o
fato de ser solteiro e um menor nível de escolaridade. A ausência de um
companheiro pode ser responsável por uma menor capacidade de aceitar a doença e
as modificações necessárias no estilo de vida. Já um menor nível educacional
dificulta o entendimento das implicações da doença e de seu tratamento.
O transtorno depressivo no paciente diabético parece
correlacionar-se com 2 fatores: a aceitação da doença e a capacidade do
paciente em lidar com as alterações que a doença impõe sobre alguns aspectos da
vida cotidiana. A presença de sintomas depressivos graves estaria relacionada a
uma menor adesão às orientações dietéticas e maior risco de interrupção do uso
das medicações contribuindo para uma possível piora do controle glicêmico. A
simples presença de sintomatologia depressiva estaria relacionada a um aumento
no número de visitas ao consultório médico. Portanto, os estudos clínicos
avaliados sugerem uma importante associação entre depressão e o DM.
A psicologia da saúde pode auxiliar nas intervenções para o
tratamento da depressão, promovendo adesão às orientações médicas, melhorando o
controle glicêmico e, indiretamente, diminuindo o risco de complicações
crônicas da doença, possibilitando menos gastos relacionados à saúde e a uma
melhor sensação de bem-estar e funcionamento social.
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