Evolução da terapia cognitivo-comportamental
Wenzel, A. (2018). Evolução da terapia
cognitivo-comportamental. In A. Wenzel (Ed.), Inovações em Terapia
Cognitivo-Comportamental: Intervenções Estratégicas para uma Prática Criativa
(pp. 1-18). Porto Alegre: Artmed.
Resenhado por
Maísa Carvalho
A
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é caracterizada como uma psicoterapia
ativa, semiestruturada e limitada temporalmente, cujo o objetivo é reduzir os
problemas de saúde mental e adaptação que geram sofrimento emocional. Para
tanto, são realizadas intervenções de ordem cognitiva e comportamental, as
quais auxiliam o paciente a reconhecer aspectos do pensamento e características
comportamentais que podem contribuir para uma vida mais disfuncional. Sua
origem se deu através dos descontentamentos e inquietações de estudiosos acerca
da real eficácia das abordagens psicodinâmicas e da insuficiência do enfoque estritamente
comportamental.
A
partir do fim da década de 1940 e início dos anos 1950, Albert Ellis
desenvolveu a Terapia Racional Emotiva Comportamental (TREC), conhecida por ser
a primeira abordagem de TCC descrita na literatura. Sua premissa básica é a de
que pensamentos irracionais geram respostas emocionais e comportamentais que
interferem no funcionamento saudável do indivíduo. Posteriormente, em meados
dos anos 1970, outra abordagem semelhante foi proposta por Aaron T. Beck, que
desenvolveu uma teoria que postulava a existência de uma série de distorções
cognitivas para diferentes transtornos psicológicos, dando maior enfoque ao
viés cognitivo. Ao contrário da TREC, a TC de Beck foi submetida a diversas
testagens empíricas para comprovar sua eficácia clínica, desempenhando um papel
relevante no desenvolvimento das TCCs contemporâneas. Também existiram
protocolos de tratamento que foram importantes na história da TCC, tais como o
Treinamento de Autoinstrução (TAI), Treinamento de Inoculação do Estresse,
Treinamento do Manejo da Ansiedade, Reestruturação Racional Sistemática e a
Terapia de Autocontrole.
Desde
seu surgimento, a TCC vem se expandindo quanto ao tratamento da depressão e de
outros problemas de saúde mental como os transtornos de ansiedade, abuso de
substâncias, transtornos alimentares, transtornos da personalidade,
comportamento suicida, além de condições psiquiátricas graves como o transtorno
bipolar e a esquizofrenia. Sua aplicação também vem sendo amplamente utilizada
em outras modalidades como as terapias de grupo, de casais, familiar e pela
internet, desvinculando sua aplicabilidade apenas da forma clássica: individual,
em um consultório. Ademais, destaca-se o desenvolvimento
quanto a sua aplicação flexível, pesquisas com ambientes e clientes reais
relatando sua efetividade, além da fácil adaptação cultural.
Outras
terapias de base cognitivo-comportamental vêm ganhando espaço no âmbito
científico nos últimos 20 anos, sendo definidas como TCCs de terceira onda ou
contextuais. Como exemplos tem-se a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT),
Terapia cognitiva baseada no Mindfulness, Terapia Comportamental Dialética,
Terapia Metacognitiva e Terapia do Esquema. A diferença dessas abordagens para
a TCC clássica é a mudança de foco, do conteúdo para o funcionamento. Ou seja,
a modificação de cognições passa a não ser o foco principal, mas sim a relação
do indivíduo com os próprios pensamentos.
Segundo
pesquisas, atualmente a TCC é a abordagem que conta com a mais ampla base
empírica, possuindo uma aplicabilidade flexível e sendo considerada referência
para uma série de desordens psicológicas. Sendo assim, a Psicologia da Saúde
pode se utilizar do aporte teórico-metodológico dessa abordagem para o
desenvolvimento de novas pesquisas que estimulem intervenções para seus objetos
de estudo e também para o uso nos espaços de atuação do psicólogo da saúde.
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