Efeitos de um programa psicoeducativo no controle da dor crônica


Salvetti, M. G., Cobelo A., Vernalha, P. M., Vianna, C.I.A., Canarezi, L. C. C. C. C., Calegare, R. G. L. (2012). Efeitos de um programa psicoeducativo no controle da dor crônica. Revista Latino Americana de Enfermagem 20(5), 1-7.

Resenhado por Ariana Moura

A dor crônica é um problema frequente nas mais diversas populações. Estudos nacionais mostram prevalência de dor crônica entre 20 e 50%. Para ser considerada crônica a dor precisa ser contínua ou recorrente e durar mais de 3 meses. A dor crônica tem impacto negativo na qualidade de vida dos indivíduos, afetando o sono, a alimentação, os relacionamentos, entre outros aspectos da vida diária. A fim de proporcionar melhor qualidade de vida aos pacientes que sofrem com dor crônica, programas de controle da dor têm sido desenvolvidos. Os programas podem ter diferentes abordagens e geralmente são realizados em grupo com equipes interdisciplinares e ênfase cognitivo-comportamental.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem sido muito utilizada no manejo da dor, sendo considerada a base de muitos programas de controle da dor e mostrando-se eficaz em diferentes programas. Intervenções psicoeducativas com enfoque cognitivo-comportamental incluem educação sobre dor, estímulo à autoconfiança, treino de estratégias de coping, técnicas de relaxamento, reestruturação cognitiva, modificação de comportamentos dolorosos e etc. A TCC para dor se baseia no princípio de que a experiência da dor resulta de complexa interação entre fatores biológicos, cognitivos, afetivos e comportamentais e que a modificação desses fatores devem afetar de modo positivo a experiência dolorosa.
O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto de um programa psicoeducativo no controle da dor crônica em um grupo de 79 pacientes com dor crônica de diferentes etiologias.
A intervenção foi realizada por equipe interdisciplinar e estruturada para facilitar o autocontrole da dor e melhorar a funcionalidade física e psíquica, no qual os participantes puderam aprender estratégias que facilitaram o controle da dor, além de trabalhar com as emoções e pensamentos, que afetam e são afetados pela dor. O Programa foi organizado em 16 encontros, sendo duas sessões semanais com duas horas de duração, totalizando 32 horas. Os pacientes realizaram, em cada sessão, 1 hora de alongamento e fortalecimento com fisioterapeuta e 1 hora no grupo psicoeducativo com enfermeira e psicóloga.
Os participantes do Programa foram avaliados em três momentos: antes de iniciar o Programa, ao final do Programa (após 8 semanas) e 6 meses após o término da intervenção. A avaliação dos pacientes incluíram o preenchimento de um formulário com dados demográficos e três escalas foram aplicadas, para avaliar a intensidade da dor, a incapacidade relacionada à dor e os sintomas depressivos.
A avaliação dos pacientes que completaram o Programa mostrou redução significativa nos escores de intensidade da dor, escores de incapacidade e escore de sintomas depressivos.
Os resultados mostraram que o Programa de Controle da Dor Crônica foi eficaz na redução da intensidade da dor, de incapacidade relacionada à dor e de sintomas depressivos, na amostra estudada. Esses efeitos se mantiveram em um período de 6 meses. Essa intervenção pode ser utilizada em centros especializados no tratamento da dor, centros de reabilitação ou serviços de medicina preventiva.
Tendo em vista a alta prevalência das condições crônicas de dor e a proposta multidisciplinar deste programa, o presente estudo insere-se no escopo da Psicologia da Saúde e pode contribuir fornecendo base para futuras intervenções com pacientes com dor crônica, pois fornece um cronograma de ação, bem como apresenta temáticas interessantes para serem trabalhadas com este público.

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