Efeitos de intervenção cognitivo-comportamental sobre fatores de riscos psicológicos em cardiopatas
Almeida, P. L., Facchini, G. B.,
Gorayeb, R., Nakao, R. T., Schmidt, A., & Siguihura, A. L. M. (2015).
Efeitos de intervenção cognitivo-comportamental sobre fatores de riscos
psicológicos em cardiopatas. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, V. 31, N.3, 355-363. doi:
10.1590/0102-37722015032103355363
Resenhado por Uquênia Lemos Brito
O Brasil apresenta
uma alta prevalência de doenças Cardiovasculares (DCVs), gerando cada vez mais o
interesse em analisar o papel dos fatores de risco (FR) para os cardiopatas,
pois se acredita que é na redução da exposição do indivíduo as FR que se
consegue uma maior eficácia na prevenção e tratamento das cardiopatias. Quanto
aos aspectos emocionais, os fatores mais associados ao risco das DCVs são:
depressão, ansiedade, estresse crônico, pessimismo e falta de sentindo na vida.
Sendo assim, o objetivo da pesquisa foi avaliar a eficácia de grupos de
intervenção baseadas na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) sobre os
sintomas de ansiedade, depressão e estresse em pacientes brasileiros com DCV.
Trata-se de um estudo quase experimental e de
corte transversal, com amostragem por conveniência, constituída por 91
pacientes de ambos os sexos, sendo que, do total, 75,82% (n = 69) eram do sexo masculino, com média de idade de 59,51 anos,
variando de 36 a 80 anos. Como método de inclusão para participar da pesquisa,
os cardiopatas tinham que ter sido diagnosticados com um
período máximo de dois anos anteriores à entrevista inicial e terem
acompanhamento na enfermaria geral de cardiologia de um hospital universitário,
localizado no interior de São Paulo.
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas,
aplicadas nas sessões de avaliação pré e pós-intervenção, cuja finalidade foi
coletar dados sociodemográficos e clínicos dos pacientes, além de relatos orais
sobre as estratégias de enfrentamento ao estresse. No estudo, também foram
utilizados os Inventários Beck (Ansiedade e Depressão) e Inventário de Sintomas
de Stress para Adultos de Lipp. As
intervenções tiveram caráter psicoeducativo e psicoterapêutico, com enfoque
cognitivo-comportamental. Tendo uma duração de 12 sessões semanais, de 2h em
cada encontro, com participação mínima de cinco e máxima de 12 pacientes, com o
objetivo de tratar temas como: autoconhecimento, fatores de risco e de proteção
das doenças cardiovasculares, manejo de estresse, resolução de problemas,
dentre outros.
A análise dos dados foram feitas em pacientes que compareceram
no mínimo, oito sessões do grupo e às entrevistas pré e pós-intervenção. A
média de frequência nos grupos foi de 10,5 encontros (DP = 2). No que se refere às estratégias de enfrentamento ao
estresse, foram classificados dois tipos: Enfrentamento Adequado e o
Enfrentamento Inadequado, cuja intervenção psicológica indicou redução na
frequência de relatos de estratégias inadequadas, de 89 na avaliação
pré-intervenção para 51 relatos na avaliação pós-intervenção (χ2 = 10,31; p = 0,001). No nível de ansiedade foi observado que essas
diferenças se refletiram na redução da pontuação média de ansiedade na amostra,
que variou de 12,37 antes da intervenção para 10,08 após a intervenção (Z = -3,3; p = 0,001). A mesma redução foi identificada no nível de
depressão, em que a média do escore geral de sintomas de depressão, calculada
antes e após a intervenção psicológica, variou de 13,45 para 11,53 (Z = -2,2; p = 0,025).
Por fim, constatou-se que o tratamento na
abordagem TCC resultou na redução dos fatores de riscos psicológicos para estes
cardiopatas. Contudo, a escassez de estudos e a pouca atenção dada aos
transtornos psicológicos no caso das DCVs mostra a importância da Psicologia da saúde na promoção de pesquisas e
estratégias de enfrentamento de suporte, proteção e prevenção em um maior
número de pessoas com este diagnóstico.
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