O modelo cognitivo da ansiedade
Clarck, D. &
Beck, A. (2012). Modelo Cognitivo da Ansiedade (Cap. 2, pp. 43-65). Porto Alegre:Artmed.
Resenhado
por Mariana Serrão
O fundamento da
terapia cognitiva e da terapia dos transtornos emocionais propõe que a forma como o indivíduo pensa influencia a forma como
ele vai sentir. As pessoas geralmente imaginam que a situação gera a ansiedade,
entretanto, o que determina o nível de ansiedade é a avaliação que o indivíduo
faz da situação. Esse capítulo buscou mostrar o modelo cognitivo da ansiedade e
o porquê da manutenção dos sintomas mesmo na ausência de um perigo real.
O modelo
cognitivo sobre a ansiedade concentra-se na noção de vulnerabilidade. Essa
seria a percepção que o indivíduo tem sobre sua incapacidade de enfrentar um
perigo interno ou externo. Na ansiedade, o senso de vulnerabilidade é
aumentando e o sujeito faz avaliações exageradas e tendenciosas em relação a um
estímulo neutro ou de baixo perigo. Pessoas ansiosas costumam não perceber a
segurança das situações e focar na ameaça, além de subestimar a sua capacidade
de enfrentar um dano ou perigo antecipado.
A avaliação da
ansiedade é feita de forma primária e secundária. Na primeira, a análise da
ameaça envolve uma perspectiva distorcida na qual a probabilidade de ocorrer um
dano e a gravidade percebida em relação ao dano são superestimadas. A avaliação
secundária é o resultado da avaliação primária de ameaça, e nos estados de
ansiedade ela exacerba a percepção inicial de insegurança. Portanto, a
intensidade da ansiedade depende do equilíbrio entre a avaliação primária e a secundária.
A ansiedade é
consequência de um processamento de informações que interpreta a situação como
ameaçadora a vida e o bem-estar do indivíduo. Portanto, seria um sinal de
perigo enviado ao organismo, por isso são gerados sintomas fisiológicos,
comportamentais e cognitivos primitivos que se desenvolveram para proteger o indivíduo da ameaça.
Alguns processos
cognitivos, neurofisiológicos e de aprendizagem da ansiedade acontecem de
maneira automática. Ou seja, não há uma interpretação ou raciocínio sobre esses
processos. Entretanto, existem os pensamentos estratégicos que são de caráter
mais elaborado e também auxiliam na manutenção da ansiedade, são esses
pensamentos que geralmente fazem o indivíduo buscar ajuda.
O modelo
cognitivo indica algumas características cognitivas de pessoas que apresentam
sintomas ansiosos, como: avaliação de ameaça exagerada a qual o indivíduo foca
nas ameaças; impotência aumentada que envolve uma avaliação de incapacidade
inadequada de enfretamento do perigo;
processamento inibitório de segurança, quando a pessoa restringe, subestima a
segurança do local ou situação; pensamento construtivo ou reflexivo prejudicado,
que é o difícil acesso do pensamento real e lógico no momento da ansiedade;
processamento automático e estratégico; processamentos autoperpetuadores
caracterizados pela atenção concentrada ao sinais e sintomas de ansiedade que
contribuem para o aumento e intensificação do sofrimento; primazia cognitiva e,
por último, a vulnerabilidade cognitiva à ansiedade.
Dado o exposto,
o psicólogo busca junto ao paciente identificar seus pensamentos automáticos e
a forma de processamento de informações do indivíduo, como são feitas as
avaliações e interpretações dos eventos e quais estímulos desencadeiam a
ansiedade. Isso é feito a fim de realizar uma reestruturação cognitiva e assim
tornar as cognições disfuncionais em cognições funcionais, o que influenciará a
intensidade e frequência de sintomas ansiosos.
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