Terapia focada nas emoções e processos de mudança em psicoterapia
Mendes,
M. A. (2015). Terapia focada nas emoções e processos de mudança em
psicoterapia. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 11(2),
96-104.
Resenhado por Joelma Araújo
O artigo trata de uma
revisão teórica sobre a terapia focada na emoção (TFE), modelo psicoterapêutico
que vem sendo desenvolvido há 30 anos. A TFE enfatiza a relação terapêutica, a
empatia e intervenções vivenciais conduzidas por marcadores específicos
observados durante os atendimentos, a partir da aplicação de princípios
humanistas, fenomenológicos e construtivistas, tendo por objetivo principal a reorganização
do sistema de significados do paciente a partir de processos experienciais e
relacionais desenvolvidos para acessar as emoções.
Para
a TFE, as emoções possuem fator primordial para promoção da sobrevivência e bem-estar,
por serem basilares na construção de significados das experiências e assim fundamentais
para o sentido do self e da auto-organização. No entanto, nem sempre as
emoções são adaptativas. Segundo a TFE, os esquemas emocionais, a ausência de awareness
(consciência), a
incapacidade de regulação emocional e problemas na construção da narrativa
emocional e do significado levam a disfunção emocional.
Na prática clínica o foco é
no processo experiencial, em que o psicoterapeuta busca levar o cliente a
entrar em contato com suas emoções (arriving) para então entendê-las,
transformá-las e assim libertar-se de respostas desadaptativas, automáticas e
repetitivas (leaving). Há como
ferramenta essencial para o processo terapêutico a empatia, por possuir a
função interpessoal de promover
a aliança entre cliente e terapeuta, ajudar na exploração, desconstrução de visões
e pressupostos do cliente e a construir novos significados, além de promover a regulação
emocional dos indivíduos.
A TFE também
preconiza a existência de marcadores (markers), que são estados
emocionais desadaptativos emergidos durante as sessões e que sinalizam para as dificuldades
de processamento afetivo/cognitivo. Ao decorrer da terapia, os clientes acessam
as emoções contidas nos esquemas emocionais, o que torna possível tolerá-las,
identificar as necessidades emocionais centrais que não foram atendidas e então
acessar suas emoções primárias adaptativas. Depois de experienciadas, o cliente
é levado a simbolizar suas emoções através da narrativa, o que permite suscitar
novos significados.
Como explanado, o
processo terapêutico da TFE, leva o sujeito a entrar em contato com suas emoções
e a gerar outras emoções, tendo como ferramenta principal a empatia, que se dá por
meio da escuta e validação do fala do sujeito. Esta prática assemelha-se com
algumas intervenções da Psicologia da saúde no ambiente hospitalar, já que o trabalho do psicólogo nessa instituição também
recebe a influência da Psicologia Clínica. Sendo
que, o psicólogo de forma empática, acolhe e valida o
sofrimento do paciente e o estimula a entrar em contato com suas emoções, para
possibilitar a ressignificação e elaboração de suas vivências.
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