Fobia alimentar associada a magreza: um diagnóstico diferencial com anorexia nervosa
Silva, V. G., Marcelo , M. (2009),Fobia alimentar associada
a magreza: um diagnóstico diferencial com anorexia nervosa, Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 58(3):205-208. doi:
10.1590/S0047-20852009000300011
Resenhado por Iracema R. O. Freitas
A fobia alimentar (FA), também chamada
fagofobia, é caracterizada pelo medo excessivo e condicionado de comer ou
engolir, levando o individuo a rejeitar os alimentos por mais de um mês. A FA é
mais comum na infância e entre mulheres, com início após alguma situação que
tenha ocasionado vômito. Em muitos casos
o fator desencadeador é um evento traumático que envolveu vômito ou sensação de
asfixia causada pela comida. Essa experiência traumática pode levar a um
comportamento mal-adaptativo, como a recusa alimentar. A FA é um transtorno psiquiátrico pouco reconhecido
e comumente diagnosticado como AN (anorexia nervosa) em função da perda de peso
acentuada.
Este
estudo apresenta as diferenças diagnósticas entre FA e AN e os tratamentos
adequados através de revisão teórica, assim como de análise de caso clínico. Discute
ainda a possibilidade da classificação da FA como um transtorno alimentar não
especifico ou uma fobia específica, uma vez que o DSM e o CID não classificam a
FA como um diagnóstico independente.
A
FA e AN pertencem a categoria do transtorno alimentar, mas a diferenciação pode
ser realizada através da identificação dos sintomas. A AN apresenta sintomas
como o medo do ato de comer, amenorreia, a perda de peso desejada, preocupação
mórbida com peso e\ou forma, comida e\ou alimentação. Enquanto na FA há um medo
no ato de comer, de engolir, engasgar ou vomitar, e o indivíduo não tem
problema médico orgânico. O tratamento é interdisciplinar, com reabilitação
nutricional e acompanhamento psicológico, e ênfase nas técnicas
cognitivo-comportamentais. As técnicas recomendadas para os casos de FA são a
combinação individualizada de manejo de contingências, compartilhamento,
dessensibilização, relaxamento, reestruturação cognitiva e a exposição
gradativa aos alimentos considerados proibidos, ou desencadeadores de náuseas e
vômitos.
Apesar
da FA ser pouco reconhecida e de difícil diagnóstico, ela não deve ser
confundida com outros transtornos de ordem alimentar. Os autores defendem a
independência diagnóstica psiquiátrica como maneira de facilitar o
reconhecimento das suas características clínicas e epidemiológicas, bem como a
avaliação das diferentes formas de tratamento. A psicologia da saúde reconhece
a relevância dos aspectos cognitivos como fomentadores de diversos transtornos
e se propõe a intervir a fim de contribuir para a melhoria de tais quadros
clínicos, por meio, por exemplo, da correção de distorções cognitivas.
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