Aspectos psicossociais da parentalidade: O papel de homens e mulheres na família nuclear



Borsa, J. C., & Nunes, M. L. T. (2017). Aspectos psicossociais da parentalidade: O papel de homens e mulheres
na família nuclear. Psicologia Argumento, 29(64).

Resenhado por Lizandra Soares

Na atualidade, as discussões a respeito do papel dos pais na criação dos filhos, bem como dos papeis sociais assumidos pelos homens e mulheres no que concerne a criação de uma família, têm sido objeto de estudo científico por tratarem de questões sociais, antropológicas e psicológicas da constituição do ser humano. As pesquisas sobre parentalidade refletem no entendimento a respeito dos impactos das regras impostas na educação das crianças, regras essas que repercutem na construção da personalidade do adulto.  Por essas e outras razões, a temática tem sido estudada pela psicologia.
Para compreender a parentalidade é necessário revistar alguns conceitos básicos como o de família. A definição de família inspira-se no modelo ocidental, no qual o termo se refere ao grupo social advindo do casamento e constituído por marido, esposa e filhos provenientes de uma união originada pelo casamento, filiação e/ou consanguinidade. Nesta, os membros estão em constante interação entre si, o que contribui para a criação de padrões de comportamento. O conceito de família pauta-se na concepção nuclear, em que se aponta que a família é composta por pai (homem), mãe (mulher) e filhos. Nesse modelo a mulher ocupa um espaço fundamental, por meio do papel da maternidade, o qual assume a função protetora. No caso do homem, este é apoiado pela cultura ocidental que, sendo patriarcal, reservou um lugar distante do contexto doméstico.
Com o objetivo de revisitar os estudos publicados a parentalidade é discutida nesse artigo à luz dos aspetos psicossociais e culturais. Além disso, o exercício dos papeis assumidos por homens e mulheres no âmbito familiar também foram refletidos. Buscou-se, assim, corroborar a expectativa sobre a relação mãe/filho, na qual está presente a ideia construída socialmente de que crianças devem ser cuidadas pelas mães, o que vem provocando certo afastamento da figura paterna na criação dos filhos. Para tanto, foi realizada uma revisão narrativa a respeito desse tema levando-se em consideração as publicações dos últimos anos no cenário nacional e internacional. 
De acordo com o levantamento realizado, foi observado que as mulheres tendem a se envolver nas tarefas cotidianas da prole, ao passo que o homem se afasta de atividades domésticas e de cuidado. Apesar das mudanças ocorridas na sociedade e na família contemporânea, tais como a entrada e consolidação da mulher no mercado de trabalho e, consequentemente, a necessidade de divisão igualitária de tarefas com relação a prole e ao lar, ainda existe a crença, socialmente reforçada, de que a mulher deve dar conta de todas as tarefas e de que a unidade mãe/filho é básica, universal e mais saudável para o desenvolvimento da criança que a relação pai/filho.
A grande maioria dos estudos encontrados foram focados na figura materna, o que demonstra a necessidade de mais estudos sobre a figura paterna a qual possui importante papel para a desenvolvimento da criança. Além disso, como limitação do estudo, pode ser apontado que se tratou de uma revisão narrativa. Assim, sugere-se a realização de pesquisas sistematizadas, tais como revisões integrativas ou sistemáticas, como forma de construir conhecimento empírico sobre parentalidade. Na visão da psicologia da saúde, a compreensão da parentalidade permite reflexões a respeito de medidas de prevenção de saúde mental em crianças, pais e mães por meio da compreensão dos mecanismos relacionados ao vínculo familiar.

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