Autismo e mães com e sem estresse: Análise da sobrecarga materna e do suporte familiar
Faro, K. C. A., Santos, R. B., Bosa, C. A., Wagner, A., &
da Costa Silva, S. S. (2019). Autismo e mães com e sem estresse: Análise da
sobrecarga materna e do suporte familiar. Psico, 50(2).
doi:
10.15448/1980-8623.2019.2.30080.
Resenhado por Maria Clara
O autismo é um transtorno do
neurodesenvolvimento cujo paciente apresenta comprometimento na comunicação
social recíproca e na interação social, padrões restritos e repetitivos de
comportamentos, interesses ou atividades, além de ocorrer prejuízo no
funcionamento diário. O nascimento de uma criança é permeado de inúmeras
expectativas dos pais e a chegada do diagnóstico de Transtorno do Espectro
Autista (TEA) frustra muitas dessas expectativas, exigindo uma nova readequação
familiar.
A literatura aponta que as maiores
dificuldades enfrentadas pela família são os prejuízos na interação, na
comunicação e na linguagem, e além disso a presença do membro com TEA limita a
participação da família em atividades sociais, de lazer e viagens. Outrossim, a
necessidade de cuidado integral, a dificuldade em controlar impulsos, os anos
no julgamento de perigo e os comportamentos autolesivos exigem uma nova adaptação
e distribuição de papéis na família. Pesquisas referem que as mães de crianças
autistas possuem maior grau de sofrimento devido ao cuidado intensivo, pois em
geral são as cuidadoras principais. Assim, mães com menor nível de educação,
menor renda e maior sobrecarga apresentam níveis mais elevados de estresse. Em
contrapartida, o suporte social emerge como variável atenuante dessa condição.
Este estudo objetivou comparar a
sobrecarga de cuidado, autonomia da criança e percepção do suporte familiar em
mães de autistas, com e sem estresse. Os resultados revelaram que mães com
estresse apresentaram quase o dobro da sobrecarga devido as altas demandas do
TEA. Enquanto isso, a percepção do suporte social tende a ser maior em mães sem
estresse, e à proporção em que demandas de suporte não são atendidas, os
índices de estresse materno aumentam. Dessa forma, o suporte social se
apresenta como fator protetivo contra essa condição. Os achados também indicam que
uma boa adaptação familiar e distribuição de papeis auxiliam na redução do
estresse materno, minimizando a sobrecarga. Os resultados apontam para
necessidade de um trabalho psicoeducacional preventivo que promova a
potencialização dos sentimentos de controle e domínio dos familiares diante dos
desafios inerentes ao TEA.
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