Relação conjugal na transição para a parentalidade: Gestação até dezoito meses do bebê
Menezes, C. C., & Lopes, R. C. S.
(2007). Relação conjugal na transição para a parentalidade:
Gestação até dezoito meses do bebê. Psico-USF,
12(1), 83-93.
Resumido por Elvis Leal
Para a maioria dos casais, a chegada
do primeiro filho é o evento mais marcante da vida familiar, tornando-se a
primeira experiência de parentalidade do casal. Os primeiros estudos acerca
desse evento mostraram que a felicidade e a satisfação com a relação diminuem
durante essa transição, sendo as mulheres que mais sofrem o impacto do
nascimento do primogênito. O objetivo desse estudo foi avaliar a relação entre
o casal durante a transição para a parentalidade.
Após o nascimento do primeiro filho é
comum que exista um declínio do romance, pois o casal se reconhece como fazendo
parte de algo maior. Um estudo longitudinal, comparando casais que estavam
passando pela parentalidade com casais que não tinham filhos, observou que os
casais com filhos tiveram um declínio maior na satisfação conjugal. Por outro
lado, alguns pesquisadores relataram que, apesar do declínio no romance, o
casal pode perceber um aumento no companheirismo e na parceria durante a
transição. Esses últimos propõem que não é a parentalidade que causa o declínio
da relação.
Outra hipótese, pesquisadores afirmam que a
forma como o casal se relaciona antes da transição é crucial. Fatores como
apoio emocional, envolvimento paterno e satisfação com a divisão das tarefas
influenciam a parentalidade. Outro aspecto apontado pelo estudo, foi que as
representações que os pares tinham do casamento dos pais é um importante fator
de impacto na forma como os cônjuges se relacionam até os 2 anos do bebê.
Participaram deste estudo quatro
casais, passando pela gestação do primeiro filho e com idade mínima de 20 anos.
Eles foram entrevistados em cinco momentos: no último trimestre da gestação, no
terceiro, oitavo, décimo segundo e décimo oitavo meses de vida do bebê,
atentando para a avaliação de cada casal, da relação nos diferentes momentos da
pesquisa e da interação comunicacional entre os pares. A primeira entrevista
abordou a história do casal e as expectativas, as entrevistas seguintes
investigavam a vida familiar, parentalidade e conjugalidade como o envolvimento
emocional do casal, o envolvimento de cada um com as funções parentais e a
presença de eventos estressores. Para analisar a interação comunicacional foram
usadas as categorias: apoio, conflito e não apoio.
Um ponto que esteve presente na
discussão dos quatro casais foi a respeito da natureza do relacionamento
anterior à transição para a parentalidade. Nos casais 1 e 2, que apresentaram
um distanciamento após a chegada do primogênito, já apresentavam um
distanciamento antes. Por outro lado, os casais 3 e 4 mantiveram o envolvimento
emocional alto mesmo após o nascimento. Mais um aspecto comum aos casais 3 e 4
foi a intenção de conservar a conjugalidade, de modo que reservaram um tempo
para o cônjuge. Além disso, esses casais se mostraram empenhados em construir
papéis de mãe e pai, o que não aconteceu com os primeiros, que eram marcados
pelo distanciamento paterno.
Quando analisadas as categorias de
comunicação conjugal, foi observada que a categoria de apoio foi a predominante
em todos os casais, contudo as categorias de conflito e não apoio aumentaram
com o decorrer da parentalidade nos casais 1 e 2, ao passo que nos demais elas
se mantiveram baixas ou inexistentes.
Apesar da pequena amostra, foi
observado que a transição para a parentalidade não explica os conflitos da
relação, mas sim a forma como o casal se relaciona antes que é importante. Para
a Psicologia da Saúde, os achados contribuem para o desenvolvimento de
estratégias que visem a administração do estresse decorrente da transição, seja
pela procura de uma rede de apoio ou pela divisão justa das novas tarefas.
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