Maus tratos, problemas de comportamento e autoestima em adolescentes


Fava, D. C., & Pacheco, J. T. B. (2017). Maus tratos, problemas de comportamento e autoestima em adolescentes. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas13(1), 20-28.
Resenhado por Sara Andrade

Existem diferentes tipos de situações de violência e maus tratos, como violência física, psicológica, sexual, negligência, entre outras, que estão relacionadas a problemas na saúde mental de crianças e adolescentes prejudicando o desenvolvimento e se constituindo enquanto fatores de risco. A exposição a maus tratos e a insegurança na relação familiar parecem prejudicar o ajustamento de crianças e adolescentes, na medida em que afetam negativamente a autoestima e a competência social dos mesmos (Kim & Cicchetti, 2004). A autoestima se refere a um conjunto de sentimentos e pensamentos do indivíduo sobre seu próprio valor, competência e adequação, que se reflete em uma atitude positiva ou negativa em relação a si mesmo. Além de prejuízos na autoestima, verifica-se que a exposição a maus tratos tende a gerar diversos problemas como, por exemplo, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, menor autoeficácia, dificuldades acadêmicas e déficits na resolução de problemas.
O objetivo geral da pesquisa foi comparar adolescentes expostos e não expostos a maus tratos quanto às variáveis problemas de comportamento e autoestima. Tratou-se de um estudo transversal, comparativo e de correlação, no qual participaram 84 adolescentes divididos em grupo caso e controle, conforme o histórico de maus tratos.
Os resultados demonstraram que adolescentes maltratados na infância tiveram mais sintomas de comportamento externalizante e pior autoestima do que aqueles que não sofreram essa experiência. Uma correlação verificou que a externalização e os maus tratos estiveram positivamente correlacionados, ou seja, quando aumentaram os níveis de maus tratos também aumentaram os comportamentos externalizantes, bem como a sintomatologia ansiosa, retraimento, depressão e outros problemas de comportamento. A autoestima esteve correlacionada negativamente com maus tratos e com problemas de comportamento. Também foi encontrado que adolescentes que relataram ter sofrido dois ou mais tipos de maus tratos apresentaram maiores índices de ansiedade, o que pode contribuir para a presença de comportamentos externalizáveis.
Portanto, os achados auxiliam a compreensão dos efeitos dos maus tratos sobre o desenvolvimento, colaborando assim para a proposta de implementação de intervenções voltadas para crianças e adolescentes. Este aspecto pode ser investigado e construído por profissionais de saúde, dentre eles psicólogos da saúde, com o objetivo de redução dos danos causados pela vivência de maus tratos no percurso de vidas daqueles que são afetados por essas situações.

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