Confiança dos pais no gerenciamento da alergia alimentar: Desenvolvimento e validação da Escala de Autoeficácia de Alergia Alimentar para os Pais (FASE-P)
Parental confidence in managing food allergy: Development
and validation of the Food Allergy Self‐efficacy Scale for Parents (FASE‐P)
Knibb, R. C., Barnes, C., &
Stalker, C. (2015). Parental confidence in managing food allergy: Development
and validation of the food allergy self‐efficacy scale for parents
(FASE‐P). Clinical &
Experimental Allergy, 45(11),
1681-1689. Doi: 10.1111/cea.12599
Resenhado por Daiane Nunes
A alergia
alimentar é uma condição de saúde que afeta de 5 a 10% das crianças em todo o
mundo. O principal foco de tratamento consiste na evitação da proteína que
provoca a reação alérgica ou a administração de anti-histamínico em casos de
ingestão acidental. O gerenciamento dessa condição tem sido relatado como um
ônus significativo para a família, produzindo impactos na qualidade de vida,
nas atividades diárias e eventos sociais e no bem-estar emocional familiar. A
crença dos pais em sua capacidade de gerenciar a alergia do filho incide nos
níveis de estresse e ansiedade vivenciados e auxilia no processo de ajustamento
psicológico diante dessa condição. Assim, o objetivo do presente estudo foi
desenvolver e validar a primeira escala de autoeficácia específica de alergia
alimentar para medir a confiança dos pais no gerenciamento da alergia alimentar
de seus filhos [Food Allergy
Self‐efficacy Scale for Parents (FASE‐P)].
Para o
desenvolvimento da escala foram realizadas entrevistas com os pais de crianças
com diagnóstico clínico atual de alergia alimentar. A amostra foi constituída
em sua maioria por mães [n = 46
(86,8%)], com idade média de 42,7 anos (faixa de 32 a 59 anos). As
crianças tinham idade média de 9,9 anos e eram alérgicas ao amendoim (60%),
nozes (54,5%), ovo (12,7%), leite (12,7%), frutas e legumes (10,9%). Entre
outros aspectos, os pais foram questionados sobre como lidavam com a alergia
alimentar de seus filhos; o que consideravam fácil ou difícil; o que sabiam
sobre alergia alimentar; o que fizeram para evitar uma reação alérgica; e como
a alergia alimentar teve um impacto em suas vidas. Os 22 itens da escala foram
desenvolvidos através de análise de conteúdo das entrevistas, revisão da
literatura sobre o tema e aconselhamento de profissionais da saúde
especializados em alergias alimentares (pediatras e psicólogos). Para avaliar a
confiabilidade e validade de medida, a escala foi aplicada em 434 pais que
atenderam aos critérios de inclusão da pesquisa (ter ao menos um filho com
diagnóstico de alergia alimentar).
Foram
identificados cinco fatores (precaução e prevenção, tratamento alérgico,
identificação de alergênicos alimentares, busca de informações e gerenciamento
de atividades sociais) e todos os itens apresentaram cargas fatoriais acima de
0,40. A FASE-P apresentou boa consistência interna com α de Cronbach de 0,88 na
escala como um todo, o menor α foi visto no fator “Identificação de Alergênicos
Alimentares” (α = 0,63) e o maior no fator “Gerenciamento das Atividades
Sociais” (α = 0,89). Outros resultados demonstraram que os pais de crianças com
alergia à proteína do leite de vaca (APLV) tiveram menores níveis de
autoeficácia (n = 114, M = 73,38, DP = 12,16), comparativamente aos pais de crianças sem APLV [n = 304, M = 77,08, DP =
10,91; t (416) =
-2,99, p =
0,003]. Da mesma forma, pais de crianças alérgicas ao ovo apresentaram
níveis mais rebaixados de autoeficácia (n =
155, M = 73,09, DP = 12,40) do que aqueles que não tinham [n = 263, M =
77,83, DP = 10,35; t (416) = −0,4,20, p < 0,001].
Por fim,
conclui-se que a FASE‐P é uma medida válida e confiável para avaliar a
autoeficácia de pais no gerenciamento das demandas inerentes à alergia
alimentar de seus filhos. Sua aplicação em ambientes clínicos fornece
subsídios para melhor direcionamento das intervenções, identificando as áreas
de menor autoeficácia dos pais e auxiliando no processo de ajustamento
psicológico.
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