O estresse parental medeia a associação entre afetividade negativa e parentalidade severa: Uma análise diádica longitudinal


Parenting stress mediates the association between negative affectivity and harsh parenting: A longitudinal dyadic analysis

Le, Y., Fredman, S. J., & Feinberg, M. E. (2017). Parenting stress mediates the association between negative affectivity and harsh parenting: A longitudinal dyadic analysis. Journal of Family Psychology31(6), 679-688. doi: 10.1037/fam0000315
Resenhado por Maísa Carvalho

Para alguns indivíduos, vivenciar a paternidade e/ou a maternidade é a concretização de um sonho, mesmo com todas as dificuldades concernentes a esse processo. No entanto, a baixa adaptação psicológica na experiência da parentalidade, principalmente nos primeiros anos de vida da criança, pode acarretar no desenvolvimento de afetos negativos e estresse parental. De acordo com a literatura, essas variáveis estão comumente associadas à parentalidade severa, fator que pode dificultar uma relação sadia entre pais e filhos. Nesse contexto, o estudo em questão avaliou o estresse parental, tanto no domínio individual quanto no da criação dos filhos, como mediador entre afetividade negativa e parentalidade severa em um contexto diádico, ou seja, na influência do parceiro nas práticas parentais.
Participaram 164 casais heterossexuais, recrutados de forma randomizada pelo Family Foundations (FF), que é um programa de psicoeducação que com quatro sessões no pré-natal e quatro no pós-natal busca auxiliar pais a manterem um relacionamento saudável e forte após o nascimento do primeiro filho. Os homens possuíam idade média de 28,33 (DP = 4,93) e mulheres de 29,76 (DP = 5,58). Para o estudo foram utilizados dados pós-natais coletados em três momentos: 6 meses após o nascimento (Tempo 1, T1), 12 meses após o nascimento (Tempo 2, T2) e 3 anos após o nascimento (Tempo 3, T3). O único critério de inclusão era de que os participantes tivessem idade acima de 18 anos, coabitassem e esperassem o primeiro filho juntos.
Os instrumentos utilizados para mensurar o afeto negativo no T1 foram o Taylor Manifest Anxiety Scale (MAS) e o Center for Epidemiological Studies Depression Scale (CES-D). O estresse parental foi mensurado no T2 usando o Parenting Stress Index Short Form (PSI-SF). Já a parentalidade severa foi mensurada no T3 por meio de nove itens da The Parenting Scale. Para testar a hipótese principal, foi utilizado um plano analítico com base no Actor-Partner Interdependence Mediation Model (APIMeM).
Os resultados confirmaram a hipótese de que ambos domínios do estresse parental medeiam a associação longitudinal entre a afetividade negativa dos pais e a parentalidade severa. Além disso, no contexto da análise diádica, houve efeitos indiretos (EI) na parentalidade severa de um parceiro por meio do estresse parental do outro parceiro, com efeito indireto mais forte no afeto negativo da mãe contribuindo para o exercício da parentalidade severa do pai (EI = 0,23; p < 0,07). Especificamente, o efeito mediador do distresse pessoal foi encontrado para mães e pais, ao passo que o efeito mediador do estresse na criação de crianças foi encontrado apenas no afeto negativo das mães.
Vivenciar a parentalidade de forma saudável, seja a nível subjetivo ou compartilhado, auxilia os pais a manterem bons relacionamentos com seus filhos e também, segundo estudos, é um fator que promove o desenvolvimento saudável das crianças em diferentes áreas da vida. Estudos em Psicologia da Saúde envolvendo essa temática são bastante relevantes socialmente, visto que promovem um apanhado geral sobre os efeitos que os diversos estilos parentais podem promover no desenvolvimento de uma criança a longo prazo Logo, o enriquecimento científico sobre o tema facilita mais discussões e propostas psicoeducativas para a população enfrentar melhor os desafios relacionados à parentalidade.

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