Estilos parentais, adaptação acadêmica e bem-estar psicológico em jovens adultos
Granja, M.B., & Mota, C.P. (2018). Estilos parentais,
adaptação acadêmica e bem-estar psicológico em jovens adultos. Análise
Psicológica, 36(3), 311-326. https://dx.doi.org/10.14417/ap.1415.
Resenhado por Joelma Araújo
O artigo em questão trata da
influência da qualidade de vinculação entre a criança e seus pais/cuidadores e
as repercussões no desenvolvimento emocional do indivíduo na vida adulta,
especificamente no processo de adaptação ao contexto acadêmico. Uma vinculação
segura estaria relacionada com estilos parentais caraterizados por maior
suporte emocional e menor rejeição. Os estilos parentais foram propostos por Baumrind
(1967, 1971), que os estruturou em três tipos: autoritário, autoritativo e
permissivo. Segundo o mesmo autor os pais com estilo parental permissivo não
impõem limites aos filhos, tolerando os comportamentos e desejos da criança,
sendo então propícias a apresentarem níveis baixos de autocontrole,
autoconfiança, autoestima e autonomia. Já no estilo autoritário estabelecem uma
relação baseada no controle, obediência e punição, apresentando baixa afetividade,
o que acarreta, dentre outras consequências, insegurança, agressividade e
dependência. O equilíbrio é encontrado
no estilo autoritativo que contribui para um melhor desenvolvimento
biopsicossocial da criança. Pois, as figuras parentais são mais efetuosas, promovem
a autonomia e individualidade da criança ao exercerem seu papel.
Os estilos parentais
influenciam na aquisição de maior ou menor segurança, o que repercute na forma
de enfrentamento diante dos desafios da vida do jovem adulto, como na fase do
ingresso no ensino superior. Caso não haja sucesso nas estratégias utilizadas,
poderá ser um fator de risco ao desenvolvimento de sintomas depressivos e ansiosos.
Para o bem-estar psicológico do jovem adulto é fundamental boas
relações interpessoais, envolvimento social e motivação. Diante disso, foi
realizado um estudo visando analisar o papel dos estilos parentais na
adaptação acadêmica e bem-estar psicológico de jovens adultos, assim como
testar o papel moderador do gênero na associação anterior. A amostra foi
constituída por 787 jovens universitários com idades compreendidas entre os 18
e os 25 anos (M = 20.0, DP=1.07). Os resultados apontam para um
efeito preditivo do bem-estar psicológico face à adaptação acadêmica, ou seja, percepção
de maior bem-estar psicológico constitui um fator protetivo no processo de
adaptação acadêmica. Além disso, verificou-se que quanto mais elevada for à percepção
de um estilo parental autoritativo (pai e mãe), maior é a adaptação acadêmica
das mulheres.
Portanto, é possível constatar que existe influência dos estilos
parentais no bem-estar psicológico dos universitários, de forma que a percepção
positiva do jovem adulto sobre aspectos de sua vida gera um efeito
positivo na adaptação ao contexto acadêmico. Sendo às jovens mais
propensas à adaptação ao meio acadêmico se houve uma vinculação segura e afetuosa
com seus cuidadores.
A psicologia da saúde contribui com o arcabouço teórico sobre
construtos importantes como o bem-estar psicológico. Além disso, ela embasa
intervenções dos profissionais de psicologia junto aos pais/cuidadores na
relação com seus filhos acometidos por alguma enfermidade, de forma a incentivá-los
a estabelecer uma vinculação segura por meio de um estilo parental que ajude a
superar os desafios presentes e futuros.
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