Adaptação Acadêmica em Universitários
Monteiro,
M. C. & Soares, A. B. (2023). Adaptação Acadêmica em Universitários. Psicologia: Ciência e Profissão, 23, 1-13. https://doi.org/10.1590/1982-3703003244065
Resenhado
por Jéssica Dantas
A adaptação à universidade requer o
ajustamento do estudante em várias dimensões, o que remete a um processo
complexo e permeado de dificuldades. Essas dimensões estão agrupadas na
literatura em cinco grandes áreas: pessoal, interpessoal, carreira, estudo e
institucional. Tais dimensões são compostas por variáveis internas, que envolve
aspectos pessoais e variáveis externas, que engloba aspectos ambientais. Diante
dessa complexidade e dos possíveis impactos gerados na vida do indivíduo,
faz-se necessário investigar um conjunto de variáveis que podem explicar e
contribuir com possíveis ações de intervenção.
O presente estudo propõe um modelo teórico
constituído pelas seguintes variáveis internas: automonitoria, autoeficácia
acadêmica, coping, habilidades sociais
e resolução de problemas sociais. Tais construtos enfatizam o enfrentamento de
situações pessoais e interpessoais, a competência social do estudante para
lidar com as situações relacionais do cotidiano acadêmico e as crenças na
própria autossuficiênca para gerir os diferentes componentes curriculares. Essa
proposta pode representar um complemento a outros modelos que destacam
variáveis externas. Assim, parte-se da premissa de que diferentes recursos
internos do aluno são mobilizados no processo de adaptação à universidade e que
muitos estudantes ainda não os têm.
Diante do difícil manejo e da
heterogeneidade que pode caracterizar a situação da adaptação acadêmica, a
presente pesquisa objetivou investigar o impacto das variáveis habilidades
sociais, resolução de problemas sociais, automonitoria, autoeficácia e coping na adaptação acadêmica em estudantes
de instituições de ensino superior públicas e privadas. O estudo contou com uma
amostra de conveniência constituída por 637 estudantes, sendo 315 de cinco IES
públicas e 322 de cinco IES particulares do estado do Rio de Janeiro. Os dados
foram coletados ao longo de 2018 tendo sido utilizados os seguintes
instrumentos: Questionário Sociodemográfico, Inventário de Resolução de
Problemas Sociais (IRPS), Inventário de Habilidades Sociais (IHS), Escala de
Automonitoria (EA), Inventário de Estratégias de Coping (IEC) e Questionário de
Vivências Acadêmicas-reduzido (QVA-r). Utilizou-se o software Mplus para realizar a Modelagem de
Equações Estruturais (MEE) através de Path
Analysis e método de estimação Robust Maximum Likelihood.
Os resultados obtidos indicaram que a
autoeficácia na gestão acadêmica (40,9%) e a autoafirmação na expressão de
afeto positivo (13,7%) apresentaram maior impacto para os estudantes de instituições
públicas e privadas. A diferença entre IES pública e privada deu-se nos fatores
de autoeficácia na gestão acadêmica e autoeficácia na regulação da formação.
O modelo teórico testado mostrou o impacto
das variáveis na adaptação acadêmica, com destaque para autoeficácia e
habilidades sociais, bem como as diferenças para a amostra total e para os
grupos de IES pública e privada. Trata-se de um tema importante para a
Psicologia da Saúde por poder auxiliar no planejamento de diferentes formas de
apoio institucional e/ou na implementação de ações que possibilitem fatores
protetivos que favoreçam a permanência do estudante, a qualidade do aprendizado,
assim como o bem-estar físico e mental desse público.
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