Intervenções baseadas na Internet e em dispositivos móveis para o tratamento da fobia específica: Uma revisão sistemática e metanálise preliminar
Mor, S., Grimaldos, J., Tur, C.,
Miguel, C., Cuijpers, P., Botella, C., & Quero, S. (2021). Internet- and mobile-based interventions for the
treatment of specific phobia: A systematic review and preliminary
meta-analysis. Internet
Interventions,
26, 100462. https://doi.org/10.1016/j.invent.2021.100462
Resenhado por Amanda Feitosa
A fobia específica é o subtipo mais
prevalente dos transtornos de ansiedade e está associada a intenso sofrimento
psicológico e uma variedade de problemas de saúde físicos. O seu tratamento
usual é feito com a exposição ao vivo, contudo, há barreiras para a
disseminação desta intervenção, como o alto custo e pouca acessibilidade que
exige o deslocamento dos pacientes até o estímulo fóbico. Investiga-se
atualmente o uso de intervenções baseadas na internet e em dispositivos móveis
(IIDMs) como uma alternativa para aqueles que precisam de acompanhamento
psicológico. Assim, este estudo objetivou realizar uma revisão sistemática com
metanálise sobre IIDMs para o tratamento de fobias específicas.
Usou-se cinco bases de dados para a busca
dos estudos publicados até 2020, sendo a PubMed,
PsycINFO, Web of Science, SCOPUS e Cochrane.
Os critérios de inclusão dos estudos foram ter uma amostra com o diagnóstico
prévio de fobia específica, a intervenção ser focada neste diagnóstico, ser
ofertada de forma virtual ou por dispositivos móveis e, por fim, ter a
mensuração de níveis pré e pós tratamento. Usou-se as recomendações PRISMA para
a seleção dos 819 estudos identificados inicialmente, sendo realizada por
pesquisadores independentes.
A amostra final compôs nove estudos de
ensaios clínicos randomizados ou estudos pré e pós intervenção. Assim como
outros achados da literatura sustentam para o tratamento da fobia específica, a
característica principal dessas intervenções foi a exposição. Esta foi
realizada através de imagens, áudios e vídeos do estímulo fóbico. A metanálise
evidenciou uma redução significativa dos níveis da fobia específica na etapa de
pós-tratamento, o que também corrobora evidências sobre a eficácia desta modalidade
de intervenção. Os achados derivam de diferentes populações, incluindo
crianças, adolescentes e adultos. Contudo, recomenda-se cautela na extrapolação
dos resultados devido à escassez de estudos incluídos, apesar de promissores.
Transtornos de ansiedade são comumente comórbidos
a problemas de saúde físicos, sendo a Psicologia da Saúde a área responsável
por pesquisar e propor intervenções que remetem a interface saúde mental e
saúde física. Referente a fobia específica, esta pode estar presente como fator
problemático em todos os níveis de atenção à saúde. Por exemplo, no nível
primário as pessoas podem não adotar comportamentos de saúde a fim de evitarem
um estímulo fóbico. Já no nível secundário pode haver o prejuízo no rastreio e
monitoramento de doenças (ex. evitar exame de ressonância magnética), atingindo
até os cuidados no nível terciário (ex. medo de sangue e injeção que lhe impede
de realizar cirurgias importantes). Os potenciais benefícios das IIDMs
demonstram a possibilidade de uma nova ferramenta que estes profissionais podem
usar em sua prática em todos os níveis de saúde. Esta adição pode agilizar o
tratamento de pessoas que, por serem incapacitadas por este transtorno ansioso,
percebem prejuízos significativos em sua saúde física. Assim, é essencial que
psicólogos da saúde conduzam mais pesquisas sobre os benefícios dessa nova
modalidade de intervenção para a fobia específica, com o intuito que isto
repercuta em maior adesão e aderência de comportamentos de saúde e tratamentos
para doenças físicas.
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