Autocuidado e Adoecimento em homens: Uma revisão integrativa nacional
Garcia, L. H. C., Cardoso, N. O.,
& Bernardi, C. M. C. N. (2019). Autocuidado e adoecimento dos homens: Uma
revisão integrativa nacional. Revista
Psicologia e Saúde, 11(3), 19-33. https://doi.org/10.20435/pssa.v11i3.933
Resenhado por Hugo Santana-Batista
O enfoque na importância do
autocuidado com a saúde na população masculina costuma ser menos noticiado em
relação a outros grupos, como crianças, mulheres e idosos. Diversos fatores
culturais costumam colaborar na falha do desenvolvimento de políticas, já que
muitos homens costumam acreditar que são invulneráveis. É importante evidenciar
que o público masculino apresenta maior vulnerabilidade a doenças graves
crônicas, principalmente pela negligência durante a juventude. Assim, programas
como a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) surgiram
com a finalidade de compreender as especificidades de cada homem e todos os
contextos que estão envolvidos.
O presente estudo teve como objetivo
fazer uma revisão integrativa da literatura e verificar quais são os fatores
culturais, emocionais e laborais relacionados ao processo de adoecimento e
autocuidado dos homens brasileiros. O método de revisão consistiu na pesquisa
por meio de coleta nas bases de dados eletrônicas Biblioteca Virtual de Saúde
(BVS), Scielo e PePSIC, utilizando os descritores “Men 's Health” e “Self Care”.
Foram avaliados artigos em apenas no idioma português e não foram estabelecidas
restrições de idade nem de tempo das publicações, buscando uma abrangência na
literatura nacional. Os pesquisadores selecionaram nove estudos para compor os
resultados.
Foi possível observar uma
prevalência de artigos relacionados a homens de menos de 60 anos de idade ( n =6), o que pode indicar uma
literatura voltada para a população masculina de 20 a 59 anos. Os estudos
também se concentraram nas regiões Sul e Sudeste ( n =6), o que representa uma carência de estudos em outras áreas do
país, já que cada comunidade terá sua singularidade e suas estratégias próprias
de prevenção à saúde. Além disso, três categorias temáticas surgiram na
pesquisa: Fatores culturais, sentimentos manifestados e valor do trabalho na
vida dos homens.
Diante dos resultados, foi plausível
inferir que a cultura de ser forte e viril remete ao pensamento de que o homem
não pode adoecer e acaba não desenvolvendo o hábito de cuidado em saúde. A
relação desse grupo com a saúde está intimamente atrelada às crenças de
invulnerabilidade masculina. Os homens temem revelar que estão doentes e o
artigo traz que tal fato é ainda mais acentuado quando são acometidos por
doenças psiquiátricas. É importante pontuar que a questão laboral também foi
mencionada no estudo, já que o trabalho costuma ser o motivo pelo qual os
homens buscam os serviços de saúde, porém de forma tardia. Muitas vezes, esses
pacientes estão mais preocupados com a mudança de rotina do que com suas
possíveis condições clínicas.
Portanto,
conclui-se que é necessária maior compreensão da sociedade no geral de que
autocuidado em saúde não pode ser uma ação apenas do público feminino, já que a
saúde da população masculina, atualmente, não ocorre de maneira preventiva. Do
ponto de vista da psicologia da saúde, o artigo colabora com as pesquisas relacionadas
à saúde do homem, trazendo a temática de crenças em saúde nesse público, além
de possibilitar um maior entendimento de fatores que estão associados à falta
de adesão a tratamentos por esse grupo.
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