Alexitimia em pacientes com Esclerose Múltipla
Eboni, A. C. B., Cardoso, M., Dias, F. M., Gama, P. D.,
Gomes, S., Goncalves, M. V. M., Machado, S. C. N., Nóbrega, A. W. L., Parolin,
M. F. K., Paz, S. C., Ruocco, H. H., Scorcine, C., Siquineli, F., Spessotto, C.
V., Tauil, C. B., & Fragoso, Y. D. (2018). Altos índices de alexitimia
foram observados em pacientes com esclerose múltipla. Dementia &
Neuropsychologia, 12 (2), 212-215. https://doi.org/10.1590/1980-57642018dn12-020015
Resenhado por
Thayslane Ribeiro-Almeida
A
esclerose múltipla é uma doença neurodegenerativa, caracterizada pela
deterioração da comunicação entre os neurônios e corpo. Os sintomas podem ser
tanto de ordem física, como dor e comprometimento da locomoção, quanto de cunho
psicopatológico. A sintomatologia dessa doença pode ser influenciada por
aspectos psicológicos, a exemplo da alexitimia. Esse construto se refere
dificuldade do indivíduo em caracterizar e identificar as emoções e outras
experiências subjetivas, sendo por vezes associada a somatizações. Diante
disso, o presente estudo teve por objetivo avaliar os níveis de alexitimia em
pacientes com Esclerose Múltipla, os comparando com grupos controle. Ademais,
aspectos clínicos, relacionados a alexitimia, também foram avaliados.
A pesquisa contou com um grupo
controle e outro formado por pacientes com Esclerose Múltipla remitente-recorrente,
englobando 180
participantes cada um desses. Os indivíduos do grupo controle foram oriundos da
população geral, sendo constituído por pessoas como acompanhantes de pacientes
e amigos foram convidados. Para o grupo de pacientes com EM, foram chamados
aqueles que frequentavam regularmente os serviços ambulatoriais nas
instituições participantes da pesquisa. A coleta dos dados clínicos foi obtida
por meio da Expander Disability Scale Score (EDSS), que mensura o
comprometimento neurológico. Além disso, foram utilizadas a Escala Hospitalar
de Ansiedade e Depressão (HADS) e a Escala de Alexitimia de Toronto.
A amostra foi constituída por 126
mulheres e 54 homens em cada grupo, com idade média de 37 anos. Os resultados apontaram
que as pessoas com Esclerose Múltipla tiveram maiores níveis de sintomatologia
ansiosa, depressiva e de alexitimia. Características como traços depressivos,
ansiosos, menor escolaridade e maior grau de incapacidade mostraram influenciar
a maior presença de alexitimia. Dessa maneira, percebe-se uma relação entre a
capacidade de demonstrar emoções e sintomatologia. Além disso, as limitações e
consequências da Esclerose Múltipla parecem impactar na saúde mental.
Os
autores também apontaram a complexidade dos traços psicopatológicos nas pessoas
que vivem com Esclerose Múltipla. Dessa forma, é necessário ir além de alguns
aspectos psicológicos já bastante abordados em relação a essa doença, a exemplo
da depressão. Sobre a alexitimia, no artigo é discutido que nesse estado o balanço
de citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias pode estar alterado,
fazendo com que predomine um perfil pró-inflamatório. Portanto, tal condição pode
influenciar desfechos negativos em saúde quando associado a presença de
Esclerose Múltipla.
É válido destacar que as doenças
neurodegenerativas acarretam consequências que vão além da saúde física sendo
essa, inclusive, impactada por aspectos mentais. A psicologia da saúde, diante
desse contexto, estuda os aspectos psicológicos que se relacionam com as
doenças físicas. Nesse sentido, estudos como esse são relevantes na medida em
que podem auxiliar na descoberta de quais variáveis estão relacionadas a
Esclerose Múltipla. A partir disso, podem ser construídas intervenções mais
efetivas para esse grupo, promovendo melhor qualidade de vida e bem-estar tanto
para o paciente como seu entorno.
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