Experiências de intervenções psicológicas em doenças neurodegenerativas: uma revisão sistemática e síntese temática

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Pinto, C., Geraghty, A. W. A., McLoughlin, C., Pagnini, F., Yardley, L., & Dennison, L. (2022). Experiences of psychological interventions in neurodegenerative diseases: A systematic review and thematic synthesis. Health Psychology Review, 1-23. https://doi.org/10.1080/17437199.2022.2073901

Resenhado por Susana Santana

Doença neurodegenerativa é o termo utilizado para se referir a doenças que se caracterizam pela degeneração progressiva da estrutura e da função do sistema nervoso. Essa caracterização inclui doenças como Alzheimer, Parkinson, Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e a doença de Huntington, cada uma delas manifestando-se e progredindo de formas diferentes. Doenças neurodegenerativas são progressivas, incapacitantes e representam ameaça à sobrevivência. Elas trazem impacto psicológico aos pacientes, principalmente, por mudanças na diminuição do status funcional, nos papéis sociais e na vivência de várias perdas, à medida que a doença se agrava. Além disso, há a presença de estresse psicológico significativo e sintomas de ansiedade e depressão.

O controle do sofrimento emocional em doenças neurodegenerativas costuma ser foco de intervenções psicológicas. Contudo, a piora progressiva dos sintomas e o aumento da incapacidade para algumas atividades podem dificultar a adesão ao tratamento psicológico. Por isso, o objetivo deste estudo foi sintetizar as experiências de intervenções psicológicas nesse contexto, identificar barreiras e facilitadores relevantes para a adesão ao tratamento e avaliar o envolvimento dos pacientes nas intervenções. Os autores procuraram mapear os estudos qualitativos e de métodos mistos que relatassem as opiniões ou experiências de pacientes com doenças neurodegenerativas, ou seus cuidadores, que passaram por intervenções psicológicas. Ao final, 34 artigos foram incluídos e os dados qualitativos foram extraídos e sintetizados tematicamente.

Entre os resultados, verificou-se que formatos de intervenção flexíveis e adaptados às necessidades específicas de pessoas com doenças neurodegenerativas facilitaram a adesão às intervenções. Os benefícios percebidos pelos participantes dos estudos incluíam mudanças na percepção, perspectiva, autoeficácia, emoções e relacionamentos. Também foi identificado que os níveis de aceitação e prontidão dos participantes geralmente diferiam e estes influenciavam o envolvimento nas intervenções. Dentre as barreiras à adesão ao tratamento, estavam aspectos financeiros, físicos e cognitivos relacionados aos sintomas físicos e ao tempo e esforço necessários para a intervenção.

Os autores sugerem que adaptações que reduzam o ônus e que sejam sensíveis ao contexto específico da doença podem melhorar a aceitabilidade e a adesão às intervenções. As condições físicas e cognitivas de doenças degenerativas aumentam o sofrimento psicológico, o que pode trazer mais prejuízos ao contexto da doença. Estudos como esse, envolvendo o campo da Psicologia da Saúde, levam em consideração as especificidades do quadro clínico de cada doença. Essa perspectiva favorece a coleta de dados significativos para o desenvolvimento de intervenções psicológicas que promovam o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida, tanto para pacientes quanto para cuidadores.

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