Intolerância à incerteza e saúde mental no Brasil durante a pandemia da Covid-19

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Ferreira, D. C. S., Oliveira, W. L., Delabrida, Z. N. C., Faro, A., & Santos, E. C. (2020). Intolerancia à incerteza e saúde mental no Brasil durante a pandemia de Covid-19. Suma Psicológica, 27(1), 62-69. https://doi.org/10.14349/sumapsi.2020.v27.n1.8

                                                                                                          Resenhado Por José Wilton

A intolerância a incerteza é definida como a tendência do indivíduo em considerar que um evento negativo seja inaceitável, independente da sua ocorrência. Durante a pandemia da Covid-19 foi possível observar que as características geográficas, socioeconômicas, bem como as medidas adotadas podem ter contribuído com este sentimento de incerteza na população. Portanto, o objetivo deste estudo foi averiguar a relação entre intolerância à incerteza e transtornos mentais comuns.

A pesquisa avaliou 924 participantes de ambos os sexos, com idade entre 18 a 72 anos, e a média de 36,8 anos de idade [desvio padrão (DP)=11,70]. Todos eram residentes no estado de Sergipe. A amostra apresentou que 95,5% (n=885) relataram ter ensino superior incompleto e 4,5% (n=42) ensino médio completo ou incompleto. Foram utilizados três instrumentos, o primeiro foi um questionário sociodemográfico, o segundo a escala de incerteza de intolerância reduzida (IUS-12), juntamente à escala de depressão, ansiedade e estresse – forma reduzida (DASS-21). Os dados foram analisados pelo Software SPPS (v.24) para estatísticas descritivas (média, desvio padrão e frequências absolutas) e inferenciais (regressões logísticas, binominal e multinomial).

Os resultados apresentados mostraram que estresse e ansiedade foram três vezes maiores em mulheres, fatores como diferenças fisiológicas e econômicas podem estar associadas a este aumento. A pesquisa também revelou que houve uma associação entre os escores de intolerância à incerteza e a escala (DASS-21), bem como que os participantes acima do terceiro tercil na subescala de ansiedade (IUS-12) apresentaram à possibilidade de exibir uma probabilidade duas vezes maior de obter pontuações superiores à média no estresse. A ansiedade inibitória foi significativamente relacionada com todas as três subescalas da (DASS-21), os participantes tiveram até 10 vezes mais chances de manifestar escores medianos de estresse, ansiedade e depressão. Vale destacar que a ansiedade prospectiva é uma vontade de antever a capacidade de eventos futuros, motivada pela preocupação ansiosa em relação à incerteza. Esta sensação resulta em estratégias como buscar mais informações para diminuir tal impressão, e parece estar ligado a preocupação e transtornos obsessivos compulsivos.

Por fim, a pesquisa demonstrou um estudo que a intolerância à incerteza tem papel fundamental na saúde mental. As evidências sugerem que à incerteza pode ser considerada um fator de diagnóstico relacionados a depressão, ansiedade e estresse. Assim, é importante a atuação da psicologia da saúde, visto que os achados demonstram resultados que parecem ter afetado significativamente a saúde mental da população em meio a pandemia da Covid-19. Tal contribuição pode ajudar a desenvolver medidas preventivas que auxiliem em futuras crises de saúde emergencial e proporcione mais qualidade de vida ao público.

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