Diagnóstico precoce do autismo e outros transtornos do desenvolvimento
Girianelli, V. R., Tomazelli, J., Silva, C. M. F. P. D.,
& Fernandes, C. S. (2023). Diagnóstico precoce do autismo e outros
transtornos do desenvolvimento, Brasil, 2013–2019. Revista de Saúde Pública, 57,
21. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2023057004710.
Resenhado por Luíza Ramos
Os Transtornos Globais
de Desenvolvimento (TGD) compreendem algumas condições neurológicas com grande
impacto no desenvolvimento infantil, apresentando como sintomas,
principalmente, déficits de interação social e de comunicação e comportamentos
repetitivos e restritivos. O autismo faz parte dessa categoria de transtornos.
O diagnóstico precoce favorece e potencializa as possibilidades de intervenção
em fases iniciais do desenvolvimento infantil por possibilitar a aquisição de
repertório de habilidades, além da psicoeducação para pais e, consequentemente,
melhores estratégias de manejo. O objetivo do estudo foi investigar fatores
associados ao diagnóstico precoce do autismo e de outros tipos de transtornos
do desenvolvimento de crianças atendidas no Centro de Atenção Psicossocial
Infantojuvenil (CAPSi) do Sistema Único de Saúde (SUS), no período de 2013 a
2019, no Brasil.
Tratou-se de um estudo
exploratório, com uma amostra final de 22.483 registros do atendimento de
crianças de 1 a 12 anos com diagnóstico de TGD não especificado ou autismo. O
desfecho de interesse foi o diagnóstico precoce (considerado até os 4 anos de
idade da criança) e os demais diagnósticos considerados tardios. As variáveis
para análise foram sexo, cor da pele, macrorregião de residência, origem do
paciente (demanda espontânea, atenção básica, serviço de urgência, outro CAPS
ou hospital psiquiátrico), diagnóstico inicial, ano do diagnóstico, se o
município de residência era igual ao de diagnóstico e o Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) referente à residência da criança. Os
dados foram analisados no programa estatístico R.
As crianças que
residiam no mesmo município onde foi realizado o diagnóstico tiveram maior
índice de diagnóstico precoce do que as demais, bem como aquelas encaminhadas
pela atenção básica e por demanda espontânea do que as oriundas de outros tipos
de encaminhamento. A identificação precoce de autismo e outros TGD tem
melhorado no país, mas ainda representa cerca de 30% dos diagnósticos
realizados. As variáveis incluídas foram significativas, mas ainda explicam
pouco do diagnóstico precoce de crianças.
Por fim, estudos como
este representam importante contribuição para a Psicologia da Saúde por
apresentar dados epidemiológicos que auxiliam na compreensão do diagnóstico
precoce de transtornos e, portanto, no prognóstico. Sendo assim, abre caminhos
para estudos posteriores que incluam outras variáveis ambientais capazes de
atuar sobre o processo saúde-doença dentro da perspectiva de transtornos
globais do desenvolvimento. Como consequência, pode trazer impactos positivos
na qualidade de vida dessa população.
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