Agravamento do sintoma depressão em pacientes com doença de Parkinson na pandemia da COVID-19: Uma revisão sistemática

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de Alcântara Ventura, S., Miranda, I. P., & Santos, R. M. S. (2022). Agravamento do sintoma depressão em pacientes com doença de Parkinson na pandemia da COVID-19: Uma revisão sistemática. Revista Eletrônica Acervo Saúde15(12), 1-13. https://doi.org/10.25248/REAS.e11340.2022

 

Resenhado por Maria Heloísa

A Doença de Parkinson (DP) é uma condição neurodegenerativa que inclui sintomas como tremores, instabilidade postural, distúrbios neuropsiquiátricos, do sono e da dor. A depressão é o transtorno mais comum em pacientes com este diagnóstico, sendo caracterizada pela tristeza, falta de interesse ou prazer, redução na autoestima e problemas na alimentação e no sono. A pandemia da Covid-19 foi um evento que afetou a saúde física e mental da população, devido às restrições sociais demandadas. Pessoas com DP foram impactados de modo particular, já que os sintomas da doença, sobretudo a depressão, podem ter sido acentuados. Logo, o objetivo do estudo foi realizar uma revisão da literatura sobre as alterações na sintomatologia depressiva durante o cenário pandêmico em pacientes com DP.

A revisão sistemática foi feita em agosto de 2021 em conformidade com as diretrizes do protocolo PRISMA. Foram usados os descritores: "Parkinson's disease", "Covid-19" e "depression", com o operador boleano "AND". As bases de dados pesquisadas foram a PubMed, PsycINFO e Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Além disso, o critério de inclusão aplicado foi estar escrito na língua inglesa, ter pacientes com diagnóstico confirmado de DP como público de pesquisa, utilizar medidas objetivas para identificação dos sintomas depressivos e ter sido realizado durante a pandemia. Após a triagem feita por pares e leitura dos textos completos foram incluídos 10 estudos na revisão.

No total, 3074 pessoas participaram dos estudos selecionados, sendo que 50,9% eram mulheres, com idade entre 55 e 72 anos. Mais da metade dos estudos eram transversais (n = 6). Metade das pesquisas foi feita no continente asiático (n = 5), outros foram realizados na Europa (n = 3), África (n = 1) e na América do Norte (n = 1). Dentre os sintomas motores, foi identificado que o contexto pandêmico implicou no agravamento do tremor, da discinesia e congelamento de marcha, rigidez, de dificuldades de marcha, instabilidade postural, lentidão, problemas de fala, bradicinesia e problemas de equilíbrio.

O rastreio da sintomatologia depressiva foi feito por meio da Escala Hospitalar de Ansiedade Depressão (HADS) em cinco estudos. Outras escalas também foram utilizadas: o Inventário de Depressão de Beck (BDI) (n = 1), a Escala de Depressão Ansiedade e Estresse - 21 (DASS-21) (n = 1) e o Questionário de Saúde do Paciente de 9 itens (PHQ-9) (n = 1). Os estudos restantes (n = 2) utilizaram uma entrevista semi-estruturada e dados autorrelatados no Patient Reportes Outcomes Disease (PRO-PD). Foi identificado que o a pandemia implicou no agravamento de sintomas motores, a exemplo de tremores, instabilidade postural e problemas de fala. Com relação aos sintomas não motores, o aumento dos níveis de ansiedade, de problemas do sono, estresse, fadiga e alucinações foram os sintomas mais comuns. Se tratando especificamente da depressão, pessoas com DP tiveram agravamento dos sintomas desse transtorno em mais da metade dos estudos (n = 6). O estresse relacionado a Covid-19, a redução das atividades físicas, a angústia e as preocupações com a DP devido a pandemia, a solidão e os distúrbios do sono foram os principais fatores de risco para a sintomatologia depressiva.

Conclui-se que a depressão é um sintoma que demanda cuidados em pacientes com a Doença de Parkinson e que, em cenários adversos como a pandemia, essa preocupação se tornou ainda mais acentuada. O estudo é importante para a Psicologia da Saúde, visto que contribui para a compreensão sobre os impactos na saúde mental de pacientes com DP durante o cenário de crise. Em especial, é observada o papel do estresse, variável importante para essa área da ciência psicológica, como consequência desse cenário e como fator de risco para a depressão.

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