Preditores de sofrimento emocional em pessoas com esclerose múltipla

 

Fisher, P. L., Salmon, P., Heffer-Rahn, P., Huntley, C., Reilly, J., & Cherry, M. G. (2020). Predictors of emotional distress in people with multiple sclerosis: A systematic review of prospective studies. Journal of Affective Disorders, 276, 752–764. https://doi.org/10.1016/j.jad.2020.07.073

 

Resenhado por Luiz Fernando de Andrade Melo

 

A esclerose múltipla é uma doença neurodegenerativa que afeta aproximadamente 2,5 milhões de pessoas em todo o planeta. O sofrimento emocional é comumente experimentado entre pessoas com esclerose múltipla sob a forma de depressão, ansiedade, sintomas de trauma ou afetos negativos. Tal sofrimento está associado com maior uso dos serviços de saúde, aumento da fadiga e prejuízo nas interações sociais dos indivíduos. Existem intervenções psicológicas nesse sentido, mas que seus efeitos são baixos e limitados. Com isso, este estudo teve como objetivo identificar fatores relacionados ao sofrimento emocional em pessoas com esclerose múltipla a fim de descobrir processos psicológicos modificáveis para intervenções mais eficazes.

Trata-se de uma revisão sistemática sob o protocolo Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses – PRISMA. Foram pesquisados estudos nas bases Medline, CINAHL Plus e PsychINFO. A partir dos critérios de exclusão, foram analisadas 17 pesquisas. A faixa de idade dos participantes nos estudos desta revisão ficou entre 35,9 e 58,3 anos, sendo a maioria mulheres. O tempo médio de diagnóstico da esclerose múltipla entre os indivíduos variou de 4,7 a 19,8 anos. Doze estudos avaliaram a depressão, três a ansiedade, três o sofrimento emocional global e um o sofrimento a partir da esclerose múltipla.

Os níveis basais de sofrimento emocional e as variáveis de enfrentamento do estresse foram as variáveis mais avaliadas e previram consistentemente o sofrimento emocional subsequente. Os achados estão de acordo com a literatura que apontam que o sofrimento emocional é resultado das avaliações cognitivas da doença, das estratégias utilizadas para lidar com ela e seus recursos. Outro ponto encontrado é que a relação entre os fatores socioeconômico e o sofrimento pode ter uma função mediadora de fatores cognitivos ligado ao estresse decorrente da esclerose multiplica.

Ainda assim, uma gama de outras variáveis não são consideradas na maioria dos estudos encontrados e há uma confiança limitada nas suas pesquisas. Há vários modelos psicológicos que precisam ser testados para avaliar o papel de outras variáveis envolvidas para que se entenda por que algumas pessoas lidam melhor com os desafios da doença. Isso significa, portanto, que os resultados encontrados ressaltam a importância de desenvolver uma melhor compreensão dos fatores psicológicos que mantêm o sofrimento emocional em pessoas com esclerose múltipla.

Os achados desta revisão salientam que os níveis basais de sofrimento emocional e as variáveis de enfrentamento do estresse como as variáveis que predizem o sofrimento emocional ligado à esclerose múltipla. Tais aspectos se ligam com o que é encontrado na literatura, mas esta indica a necessidade de novos estudos para entendimento mais amplo de tais variáveis nesse contexto. Tanto esta revisão quanto pesquisas futuras podem contribuir à Psicologia da Saúde no sentido de direcionar melhores intervenções psicológicas para pessoas com esclerose múltipla para lidar com seus desafios. Assim, esse aspecto é relevante para a aplicação e criação de intervenções mais eficazes nas variáveis que são preditivas de tal sofrimento.

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