Efeitos de intervenções baseadas em aceitação e mindfullness na qualidade de vida, enfrentamento, cognição e atenção plena de pessoas com esclerose múltipla: uma revisão sistemática e uma metanálise.

22:34

 

Resenhado por Susana Santana

 

Han, A. (2022). Effects of mindfulness-and acceptance-based interventions on quality of life, coping, cognition, and mindfulness of people with multiple sclerosis: A systematic review and meta-analysis. Psychology, Health & Medicine, 27(7), 1514-1531. https://doi.org/10.1080/13548506.2021.1894345

 

A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurodegenerativa que afeta 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo. Ela leva ao comprometimento das funções motoras, sensoriais e cognitivas em adultos jovens e de meia-idade. Já há evidências de que intervenções que promovem o mindfullness e a aceitação melhoram a qualidade de vida em diversas populações, como pessoas com dor crônica e pessoas com fibromialgia. O mindfullness é descrito como uma consciência momento a momento da experiência de uma pessoa, sem julgamentos e com aceitação. A aceitação é definida como estar disposto a vivenciar pensamentos e emoções desagradáveis como eles são, sem tentar evitá-los ou eliminá-los. Assim, acredita-se que a aceitação dos desafios diários e a capacidade de gerenciamento das próprias emoções através do mindfullness pode ajudar as pessoas com EM a se adaptarem melhor e ter mais qualidade de vida.

O estudo em questão buscou fazer o mapeamento de ensaios clínicos randomizados envolvendo intervenções baseadas em mindfullness e aceitação aplicadas a participantes com EM. Essa investigação teve o intuito de verificar o efeito dessas intervenções em fatores psicológicos como qualidade de vida, enfrentamento, cognição e atenção plena em pessoas com EM. Foram selecionados 18 estudos que atenderam aos critérios de seleção definidos. Dentre os resultados, houve efeito moderado dessas intervenções na qualidade de vida, no enfrentamento e na atenção e um grande efeito na memória. Ressalta-se que se identificou grande efeito das intervenções na qualidade de vida no momento de follow-up. No entanto, não foi verificado efeito significativo sobre a atenção plena.

Em razão do número reduzido de estudos, os autores concluíram que ainda é necessário o aprofundamento das pesquisas para entender melhor o efeito dessas intervenções na qualidade de vida de pacientes com EM. Diante das especificidades da vivência de pessoas com EM – que podem estar relacionadas a funções motoras, sensoriais e cognitivas – a Psicologia da Saúde e o modelo biopsicossocial de saúde consideram que o tratamento das diversas doenças envolve protocolos de intervenção que contemplem os fatores biológicos, psicológicos e sociais de cada quadro clínico. Dessa forma, defende-se que o avanço de estudos sobre os fatores psicossociais de doenças crônicas, como a Esclerose Múltipla, pode contribuir para o desenvolvimento de intervenções mais efetivas para esse público. Outro exemplo disso é o desenvolvimento de pesquisas voltadas para entender o efeito da autoeficácia no aumento da prática de atividade física por pacientes com EM. Por isso, esses e outros direcionamentos das investigações podem tornar protocolos de saúde para esses pacientes mais efetivos.

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.