Qualidade de vida em adultos com esclerose múltipla: Uma revisão sistemática.

 

Gil-Gonzáles, I., Martín-Rodriguez, A., Conrad, R., & Pérez-San-Gregório, M. A. (2020). Quality of life in adults with multiple sclerosis: A systematic review. BMJ Open, 10(11). https://doi.org/https://doi-org.ez20.periodicos.capes.gov.br/10.1136%2Fbmjopen-2020-041249

 

Resenhado por Gessica Leal

 

 

A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurodegenerativa, caracterizada pela deterioração da bainha de mielina, comprometendo o sistema nervoso central. Pacientes com essa doença enfrentam um prognóstico imprevisível e vivenciam diferentes sintomas que prejudicam o funcionamento da vida diária, a exemplo de problemas na coordenação motora, dificuldades visuais e distúrbios sensoriais. Além disso, pessoas acometidas pela EM tendem a relatar qualidade de vida mais baixa do que a população em geral, o que leva a necessidade de identificar os fatores de risco e proteção associados à qualidade de vida nesse público.

Nessa perspectiva, foi realizada uma revisão sistemática com o objetivo de fornecer uma visão ampla sobre os fatores de risco e proteção clínicos, sociodemográficos e psicossociais para a qualidade de vida em adultos com EM. Além disso, buscou-se analisar as intervenções psicológicas para melhorar a qualidade de vida nesses pacientes. A pesquisa bibliográfica foi realizada nas bases de dados Scopus, Web of Science e ProQuest, ocorreu entre fevereiro e março de 2019 e foi limitada a artigos escritos em inglês e publicados de 1º de janeiro de 2014 a 31 de janeiro de 2019. Os critérios de inclusão foram: 1) Estudos focados principalmente nos determinantes da qualidade de vida e intervenções psicológicas para melhorá-la; 2) Participantes dos estudos maiores de 18 anos, com diagnóstico confirmado de EM. Ao final, foram selecionados 106 estudos.

Em relação aos fatores de risco, destacaram-se: o número e a gravidade dos sintomas, EM do tipo progressiva, disfunções sensoriais e motoras, além da presença de dor e fadiga. Sintomas depressivos, ansiedade, estresse percebido, desemprego e baixo nível socioeconômico também foram associados à menor qualidade de vida. Por outro lado, os principais fatores protetivos identificados entre os estudos, foram: aceitação da doença, resiliência, níveis elevados de autoestima e autoeficácia, estratégias de enfrentamento focadas no problema, presença de suporte social e experiência positiva com o tratamento. Quanto às intervenções, as terapias baseadas em mindfulness, a terapia cognitiva comportamental e estratégias de apoio em grupo demonstram uma melhora na qualidade de vida, dentre os estudos analisados.

Por meio desta revisão, foi possível identificar diversos fatores de risco e proteção clínicos, psicológicos e sociodemográficos que interferem na qualidade de vida dos pacientes com esclerose múltipla. Sua principal limitação foi a impossibilidade de realizar uma síntese quantitativa dos resultados, devido à heterogeneidade de metodologias e desenhos nos artigos incluídos. Apesar disso, os achados desta revisão são relevantes para Psicologia da Saúde, pois os fatores protetivos, a exemplo da autoestima e da autoeficácia, podem ser incluídos como alvos das intervenções psicológicas que busquem aumentar a qualidade de vida dos pacientes com esclerose múltipla.

 

 

 

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