Atenção primária a saúde voltada às necessidades dos idosos: Da teoria à prática
Martins,
A.B., D’Avila, O.P., Hilgert, J.B., & Hugo, F.N. (2014). Atenção primária a
saúde voltada às necessidades dos idosos: Da teoria à prática.
Ciência & Saúde Coletiva,19(8),
3043-3416. doi: 10.1590/1413-81232014198.13312013.
Resenhado
por Catiele Reis
Há
mais de dez anos a Política de Atenção aos
Idosos está em vigência no Brasil, acompanhando o aumento do número de
idosos, principalmente nas regiões Sudeste e Sul. Para otimizar tal
atendimento, o Sistema Único de Saúde (SUS), direciona o atendimento para a Atenção
Primária de Saúde (APS), para que esses, possam solucionar grande parte dos
problemas de saúde, principalmente dos idosos. Porém, apenas o direcionamento do
atendimento para um nível primário de saúde não capacita os profissionais para
que estes possam fazer um trabalho de excelência, pautado naquilo que é
preconizado pelo SUS, Estatuto do Idoso e pela Política de Atenção aos Idosos.
O
objetivo deste trabalho foi fazer uma confrontação no que tange o trabalho para
com os idosos na APS em dois distritos sanitários (DS) de Porto Alegre.
Pretende-se, assim, mostrar como o trabalho está acontecendo neste distrito e,
ao perceber possíveis falhas, orientar o trabalho dos profissionais de saúde,
incluindo psicólogos, para que se realize um trabalho integral. A metodologia
foi descrita em quatro etapas: 1) Estudo teórico que buscou avaliar a teoria relacionada
com o idoso (Legislação do SUS, Estatuto do Idoso e Politica de Atenção aos
Idosos); 2) Estudo epidemiológico de
base populacional; 3) Censo de avaliação que com o objetivo de obter os dados
empíricos para a avaliação do que ocorre na prática e; 4) Confrontação da
teoria com a prática.
Os
resultados mostraram um distanciamento entre as informações obtidas e os dados
empíricos observados. O Estatuto do Idoso
e a Política de atenção aos idosos
preconizam que os idosos tenham Universalidade no acesso ao sistema de saúde,
porém, a realidade oferece dois panoramas distintos: apenas metade dos idosos
adscritos frequentam as unidades básicas de saúde, e destes, apenas metade são
atendidos conforme ordena o SUS, o que já é uma melhora quando comparado com
dados que os estudos encontraram anteriormente. Como dado agravante, tem-se a
integralidade do cuidado. Percebeu-se, principalmente, uma lógica biomédica
prejudicial para o atendimento ao idoso como um todo em seu território. Por
outro lado, um dado positivo foi relacionado a Equidade, a qual é garantida
através de um sistema de marcação de consultas por telefone, o que garante ao
idoso acesso prioritário na UBS.
Após
o desenvolvimento deste estudo, foi possível perceber que, apesar das falhas na
operação do serviço nos locais estudados, os documentos analisados são coerentes
com o marco histórico do SUS. Conclui-se que é preciso haver, de qualquer forma,
mudanças estruturais para que o trabalho com os idosos sejam tratados com a
dignidade no setor da saúde. Cabe aos psicólogos da saúde, um possível trabalho
de matriciamento com as equipes de saúde da família, para que juntos, possam
vir a desenvolver estratégias grupais e de acolhimento individuais voltados ao
atendimento dos idosos.
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