Avaliação da qualidade de vida em idosos submetidos ao tratamento hemodialítico
Takamoto, A. Y., Okubo, P., Bebendo, J.,
& Carreira, L. (2011). Avaliação da qualidade de vida em idosos submetidos
ao tratamento hemodialítico. Revista
Gaúcha de Enfermagem, 32(2), 256-262. Doi: 10.1590/S1983-14472011000200007
Resenhado por
Uquênia Lemos Brito
A Doença Renal Crônica (DRC) é a destruição
progressiva e irreversível da função renal, tendo como alguns causadores a
diabetes mellitus e a hipertensão
Arterial. Entre os tratamentos disponíveis, tem-se a hemodiálise, cujo processo
consiste na filtração do sangue, realizado de forma extracorpórea por
intermédio de uma máquina. Esse tratamento que é contínuo e limitante pode
ocasionar conflitos psicossociais, como alteração da imagem corporal,
frequentes internações hospitalares, perspectiva de uma morte potencial, restrições
alimentares, além de possíveis alterações na vida pessoal e familiar. Sendo
assim, há uma necessidade de uma adaptação à nova rotina, na qual pacientes e
familiares precisam absorver informações, indicações e prescrições, o que pode
desencadear ansiedade, cansaço e estresse, alterando a qualidade de vida.
Diante do cenário de envelhecimento
populacional brasileiro, observa-se que a maioria dos pacientes com DRC estão
entre a população de 40 e 80 anos de idade, o que mostra a importância da
avaliação da qualidade de vida nessa faixa etária. Aliado a essa complexa
situação, é importante acrescentar as dificuldades impostas pelo avançar da
idade. Dessa forma, o objetivo do estudo foi avaliar a qualidade de vida dos
idosos com insuficiência renal crônica, submetidos ao tratamento de
hemodiálise.
Trata-se de uma pesquisa quantitativa, de
caráter descritivo exploratório, com idosos em tratamento por DRC em um serviço
especializado em hemodiálise de Guarapuava, Paraná. Da amostra de 40 idosos, 29
(72,5%) foram homens e 11 (27,5%) mulheres, com idade média de 68,7
anos, com variação entre 6,5 anos (61-83)
anos. A coleta de dados foi realizada através da aplicação do instrumento de
Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-brief), o qual é composto
por 26 perguntas e que estão divididas em quatro domínios: Físico, Psicológico,
Social e Meio Ambiente.
Os resultados foram obtidos através de
um escore analógico, variando de 0 a 100, em que quanto maior o escore, maior a
qualidade de vida, os quais tiveram suas análises realizadas com o auxílio do
software Statistica 7.1. Analisando
os domínios do questionário, o maior escore diz respeito ao domínio social (70,42) e o menor, ao domínio físico (49,37), o que mostra que a qualidade de
vida desses idosos apresentou-se baixa, com variações de acordo com os domínios
pesquisados. Pela análise também se percebe que esses domínios não podem ser
tratados como um problema isolado, o escore baixo físico influenciou os demais
domínios, afetando todo contexto de vida da pessoa, tendo como consequência uma
baixa na qualidade de vida dos participantes. Observou-se que os idosos que
tinham alterações biológicas, como fadiga, dificuldades para dormir, sintomas
desagradáveis por conta da hemodiálise, assim como a retirada ou excesso de
líquidos no corpo, apresentaram alterações no domínio psicológico, tais como:
mudança de humor, depressão, além de também mostrarem mudanças no escore do
meio ambiente, como: incômodo com ruídos, a ausência de participação em locais
de lazer e a falta de prática de exercícios físicos.
Diante da análise, observa-se importância
da percepção que cada idoso tem sobre o impacto da doença na sua vida pessoal e
familiar, principalmente pela longa e sofrida adaptação à patologia e
tratamento. Assim, a Psicologia da Saúde deve promover medidas e/ou
intervenções psicológicas com esses idosos, no sentido de desenvolver
estratégias de readequação para uma melhora na qualidade de vida, além de auxiliar
na produção pesquisas sobre o tema.
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