Fatores que interferem na sexualidade de idosos: Uma revisão integrativa

Alencar, D. L. D., Marques, A. P. D. O., Leal, M. C. C., & Vieira, J. D. C. M. (2014). Fatores que interferem na sexualidade de idosos: Uma revisão integrativa. Ciência & Saúde Coletiva19, 3533-3542. doi: 10.1590/1413-81232014198.12092013

Resenhado por Daiane Nunes

            O processo de envelhecimento ainda é visto por muitos como sinônimo de incapacidades, sejam elas de natureza física ou psicológica, concebendo o idoso como um indivíduo improdutivo, principalmente no campo social. Essa percepção também perpassa, consideravelmente, aspectos relacionados à sexualidade das pessoas que estão nessa etapa de desenvolvimento. A sexualidade quando ligada ao envelhecimento traduz mitos e tabus, resultando na concepção de que idosos são indivíduos assexuados. Ao pensar a saúde do idoso, portanto, é necessário contemplar seus elementos em totalidade, e não somente seu fator biológico. Considerando, ainda, o aumento crescente dessa população, observa-se a necessidade de que pesquisas que tenham como objeto de investigação os processos de envelhecimento considerem a saúde do idoso de modo integral, incluindo a sua sexualidade.
            Este estudo tratou-se de uma revisão integrativa da literatura que partiu da seguinte questão norteadora: “quais são as evidências científicas publicadas nos últimos seis anos que abordam os fatores que interferem na sexualidade dos idosos?”. A coleta de dados foi realizada em outubro de 2011, utilizando os descritores “sexualidade e idoso” em português, inglês e espanhol.  Foram incluídos artigos originais publicados entre os anos de 2006 e 2011 que responderam à questão norteadora; e excluídos os estudos com amostra de adultos e idosos, simultaneamente, ou que os participantes tivessem idade inferior aos 60 anos. Os artigos selecionados foram submetidos a dois instrumentos de avaliação de qualidade: o Critical Appraisal Skills Programme – CASP (versão adaptada) e o critério de Classificação Hierárquica das Evidências para Avaliação dos Estudos. Aplicando-se os critérios de inclusão e exclusão, a amostra foi constituída por 15 artigos, os quais discutiam a percepção cultural de assexualidade da população idosa, associando a vivência da sexualidade apenas às pessoas mais jovens.
A ausência do parceiro em decorrência da viuvez foi considerada um dos fatores que interferiram na sexualidade dos idosos, atingindo principalmente as mulheres, visto que as mesmas estão mais propensas à viuvez. Enquanto que os homens tendem a procurar outras parceiras, em sua maioria mais jovem, para continuarem suas relações sexuais após a morte das companheiras. Outro fator relevante se referiu a valorização do padrão da beleza jovem, que contribui com a insatisfação da imagem corporal em decorrência de mudanças físicas comuns associadas ao idoso, influenciando a recusa ao sexo. A ocorrência de doenças foi apontada como fator envolvido para ausência ou diminuição da prática sexual, princi­palmente quando a doença acometia o homem, pois comumente se relaciona com a impotência masculina. Apontaram-se ainda, as mudanças na fisiologia sexual de ambos os sexos como fator de interferência na sexualidade. No homem essas transformações se referiram à ocorrência de ereção mais flácida, sendo ne­cessário mais tempo para alcançar o orgasmo, ejaculação retardada e redução do líquido pré-ejaculatório. Enquanto que na fisiologia feminina, observou-se a diminuição dos hormônios pelos ovários, a lubrificação vaginal diminui, além de afetar o orgasmo que diminui sua duração.
Por fim, os autores destacaram a importância da atuação dos profissionais da saúde na educação sexual dos idosos, a fim de contribuir, por meio de atividades educativas, com a desmistifi­cação que permeia a vivência da sexualidade pela população idosa.


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