Pensamentos ruminativos, ansiedade e depressão em universitários


Bezerra, M. L. O., Siquara, G. M., & Abreu, J. N. S. (2018). Relação entre os pensamentos ruminativos e índices de ansiedade e depressão em estudantes de psicologia. Revista Psicologia, Diversidade e Saúde, 7(2), 235-244. doi: 10.17267/2317-3394rpds.v7i2.1906

Resenhado por Lizandra Soares

A experiência universitária pode ser compreendida como um momento de amadurecimento e crescimento intelectual e pessoal, da mesma forma que tem potencial para precipitar o surgimento de desordens mentais. Bezerra, Siquara e Abreu (2018) afirmaram que as situações vivenciadas na universidade quando percebidas como eventos estressores servem como gatilho para o desenvolvimento de transtornos mentais, em especial quando relacionadas a padrões de pensamentos repetitivos desadaptados à realidade, o que pode configurar-se como ruminação. A ruminação se relaciona mais intimamente com a tristeza que com outros afetos negativos e surge em resposta a situações sofríveis, sendo caracterizada como uma consequência mal adaptativa que resulta em estratégias ineficazes para lidar com as emoções negativas. Os pensamentos ruminativos se relacionam com a depressão e a ansiedade. No público universitário a presença desse tipo de padrão de pensamento pode se resultar na queda do desempenho de alunos e dificuldade de inserção no mercado de trabalho, além de representar risco a saúde mental. O conceito de saúde mental utilizado pelos autores está ligado à noção de resiliência emocional, ou seja, trata-se da capacidade que o homem tem de vivenciar a dor, a tristeza e desapontamento de maneira positiva, permitindo o desenvolvimento pessoal e social. Indivíduos com altos índices de pensamentos ruminativos tendem a apresentar dificuldades para resolver problemas e prolongam seus episódios depressivos.
Com o objetivo de avaliar aspectos da saúde mental, ansiedade e depressão em estudantes Universitários de Psicologia, bem como o grau de pensamentos ruminativos, os autores realizaram uma pesquisa transversal com 166 estudantes universitários de psicologia em 03 instituições de ensino superior da Cidade de Salvador (Bahia). Para tanto foram aplicadas escalas psicométricas (Questionário de Ruminação e Reflexão - QRR, Inventário de Ansiedade Traço-Estado - IDATE e Inventário Beck de Depressão - BDI). Utilizou-se análises descritivas e inferenciais tais como correlação de Sperman e teste t de student. O construto de ruminação mostrou relação forte com sintomas de ansiedade e depressão, tais dados sugerem que os altos índices de pensamentos ruminativos poderiam predizer a presença de sintomas de depressão e ansiedade. Além disso, os níveis de ansiedade e depressão na população universitária, quando comparado a população geral, foram elevados.
Como limitações do estudo, foram apontados o número reduzido de indivíduos na amostra, assim como a aplicação exclusiva no curso de psicologia, o que limita a possibilidade de generalização. Neste sentido, estudos com uma amostra maior e com a inserção de outros cursos permitiriam a comparação entre os grupos e a generalização dos resultados para a comunidade universitária. No que se refere a psicologia da saúde, os achados dessa pesquisa permitem a reflexão sobre a necessidade da criação e adoção de medidas preventivas e/ou intervenções psicológicas com esse grupo, no sentido de desenvolver estratégias de enfrentamento mais efetivas, o que permitiria aprimorar a regulação emocional e, consequentemente, diminuir dos níveis de ansiedade e depressão.

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