Evidências de validade da versão brasileira da Center for Epidemiological Scale – Depression (CES-D) em idosos brasileiros
Batistoni, S. S. T., Néri, A. L.,
& Cupertino, A. P. (2010). Validade e confiabilidade da versão brasileira
da Center for Epidemiological Scale – Depression (CES-D) em idosos brasileiros.
Psico-USF, 15(1), 13-22.
Resenhado por Laís Santos
Sabe-se que a depressão é um transtorno
mental que acomete mais de 300 milhões de pessoas no mundo em diferentes faixas
etárias. A avaliação desse construto psicológico é realizada a partir dos
comportamentos e sintomas a ele associados. Escalas e inventários são
importantes ferramentas para o rastreio de tais sintomas, voltando-se por
exemplo para a identificação da intensidade e frequência dos mesmos. Em geral,
as medidas usadas para aferir a depressão são construídas baseadas em amostras
clínicas, sendo menos comuns os instrumentos adaptados para rastrear os
sintomas depressivos na população geral
Nesse contexto, a Center for Epidemiological Scale – Depression (CES-D) é uma escala
mundialmente utilizada, que se baseia nos critérios diagnósticos do DSM-IV. Ela
é composta por 4 fatores (humor depressivo, afetos positivos, sintomas
sintomáticos e problemas interpessoais), contendo 20 itens e opções de resposta
que variam de 0 a 3 pontos. A CES-D foi adaptada e avaliada quanto às suas
características psicométricas em diversos países e em diferentes amostras.
Entre os idosos, os sintomas de maior prevalência são sintomas somáticos, perda
de interesse, fadiga, problemas de memória e desesperança, queixando-se menos
de sintomas bastante comuns em populações mais jovens, como o humor deprimido.
Desse modo, escalas de rastreio como a CES-D quando aplicadas em idosos podem
auxiliar o rastreio dos sintomas depressivos nessa fase do desenvolvimento,
viabilizando uma melhor compreensão do transtorno. Com isso, dando continuidade
a um estudo nacional anterior, o estudo em questão objetivou avaliar as
evidências de validade da CES-D (validade de construto e critério) tendo como
base a versão brasileira da Geriatric
Depression Scale (GDS).
O estudo em questão contou com uma
amostra de 347 idosos, sendo 73,5% de idosos do sexo feminino, com média etária
de 71,9 anos (DP = 8,45) e 45% eram
alfabetizados ou tinham o primário completo. Foram realizadas análises
fatoriais confirmatórias para confirmar o ajuste e a conformação estrutural da
escala. Os resultados encontrados apontaram a presença de três fatores, sendo
que o fator “afetos negativos” foi o fator de maior capacidade explicativa. O
segundo fator de maior capacidade explicativa corresponde aos sintomas
volitivos e somáticos, corroborando a literatura que aponta que entre os idosos
tais sintomas tendem a se apresentar isolados ou associados aos afetos
depressivos. Por fim, concluiu-se que a versão da CES-D apresentou bons índices
de validade de construto, confiabilidade, mostrando-se uma escala útil para o
rastreio da depressão também entre a população idosa brasileira. Contudo, são
necessários novos estudos que avaliem evidências de validade desse instrumento,
por exemplo, em amostras de idosos que residem em asilos ou que estão
hospitalizados, para assim, evidenciar possíveis
adequações e variações necessárias. De todo modo, o uso de instrumentos validos
e fidedignos deve ser priorizado em qualquer contexto de avaliação psicológica,
independente do foco do estudo ou da amostra, pois dessa forma serão produzidos
dados confiáveis e, consequentemente, estratégias eficazes poderão ser
traçadas.
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